Roma – X edição do Festival de Cinema Africano

Pelo décimo ano consecutivo, Roma abre-se ao cinema africano. É na Casa do Cinema, na bela cornija de Villa Borghese, de 19 a 21 de julho. Filmes sobre a África darão vida à X edição do RAFF, Roma África Filme Festival. Cabo Verde e Guiné-Bissau estão entre os países representados com filmes. Não faltam obras de afro-italianos, debates e premiações também de intelectuais da diáspora africana em Itália que têm contribuído para reforçar as relações entre a África e a Itália através da cultura.

Nasceu há dez anos com o intento de dar a conhecer um pouco a África através da visão dos próprios africanos e contribuir para uma melhor aproximação entre italianos e oriundos da África. Após uma década, Cléophas Adrien Dioma, da Associação Cultural “Le Réseau”, um dos principais organizadores do Festival, considera que é já um sinal de resiliência ter chegado a este importante aniversário, vistos os poucos recursos económicos à disposição. Mas, a sua maior satisfação é que hoje se fala muito mais da África em diversos âmbitos. Há dez anos, quando começou o RAFF, na capital italiana não havia praticamente nada de África no âmbito do cinema.

A X edição

A edição deste ano segue o mesmo esquema (filmes, debates, premiações) com uma novidade: para além de prémios simbólicos a atores e realizadores de cinema, serão contemplados também alguns intelectuais que têm contribuído, com as suas reflexões, para reforçar as relações entre a África e a Itália. De agora em diante se procurará, cada vez mais, fazer emergir aquilo que fazem os africanos em Itália – garante Cléophas, cuja Associação “Le Réseau” leva avante, juntamente com InternationaliaNina InternationalItale 20 e outros organismos, o RAFF.

Na programação deste ano, o espetador poderá apreciar filmes de africanos e de italianos que têm como denominador comum a África e o seu desejo de resgate a partir da sua própria realidade, recursos e criatividade. De entre eles, o filme “Omi Nobu” do realizador cabo-verdiano, Carlos Yuri Ceunink, história peculiar de um homem que viveu 40 anos sozinho numa aldeia remota na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde, e “Nome” do guineense, Sana Na N’Hada, que se interroga sobre o que resta do espírito da luta de libertação na Guiné de hoje.

E nesta quadra do Mandela Day, uma curta e uma longa metragem sobre a África do Sul, ambos do realizador italiano, Federico Ancillai, serão projetados domingo.

Um nome que salta à vista no programa, com várias curtas e uma longa-metragem, é o realizador de origem camaronesa, Stefane Hamadou Ahidjo, espelho do envolvimento da diáspora africana em Itália no mundo do cinema.

E precisamente a esse mundo é dedicado um outro capítulo do RAFF. O serão do Italian Black Mouvie Aword, que consiste na premiação de afro-italianos envolvidos no mundo do cinema, mundo que, infelizmente, não lhes dá o devido valor. Então essa iniciativa, promovida, juntamente com o RAFF, pela afro-venezuelana, Ira Fronten, ela própria atriz, procura dar-lhe visibilidade e valorizá-los como artistas.

Não resta que acompanhar esta edição do RAFF, para o qual, os organizadores convidam italianos, mas também africanos residentes em Roma e na região do Lácio. Será uma força para continuar a levar avante esta importante atividade cultural que, para os próximos anos, gostaria de ter ao lado de filmes, também outras atividades culturais, como apresentação de livros, conferências sobre diversos temas relacionados com a realidade do continente africano, aperitivos com géneros alimentícios e bebidas africanas. Tudo nessa bela cornija de Villa Borghese – afirma Cléophas  Adrien Dioma, cidadão do Burkina-Faso, desde há anos a promover a cultura africana em Itália e que há dez, trouxe para este país europeu a cultura cinematográfica de que o Burkina é um grande promotor em África. Baste pensar que é desde 1969 que realiza o FESPACO, Festival Panafricano de Cinema de Ouagadougou.

Para mais pormenores sobre esta X edição do RAFF oiça o programa “África em Clave Cultural: personagens e eventos”  em que o poeta Filinto Elísio, da Rosa de Porcelana Editora, parceiro do programa, insere o Film “Omi Nobu”, vencedor do FESPACO 2023, na dinâmica, cada vez mais viva, do cinema caboverdiano e oferece alguns dados sobre Carlos Yuri Ceuninck. O programa tem também palavras deste realizador e da produtora do film, Natasha Craveiro, assim como também considerações de Sana Na N’Hada sobre a temática do film “Nome”. Não falta, naturalmente, a voz de Cléophas Adrien Dioma.

 

Fonte: VATICAN NEWS

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