Quénia. Bispos condenam violência policial e apelam à nomeação de membros fidedignos

Na sequência dos recentes protestos que abalaram o Quénia, os Bispos católicos reafirmaram o seu apoio à chamada “Geração Z”, condenaram o aumento da brutalidade policial e apelaram a um momento de profunda escuta e discernimento, instando o Presidente William Ruto a tomar decisões no melhor interesse do País.

Num comunicado de imprensa datado de 15 de julho de 2024, e citado pela agência CISA África, os Bispos elogiaram o Presidente por se ter recusado a assinar a controversa Lei das Finanças de 2024 e pela sua decisão de dissolver o Governo, um passo que, segundo eles, significa um compromisso para com a resolução de questões críticas como o custo de vida, o desemprego e a corrupção.

Integridade nas nomeações, e refletir o rosto do Quénia

No entanto, os prelados apelaram ao Presidente para que nomeie indivíduos respeitáveis que tenham em mente os interesses do povo e possam prestar melhores serviços aos quenianos. “Pedimos ao Presidente que cumpra a sua promessa de efetuar consultas alargadas antes de nomear as posições vagas de Secretários de Estado. Salientamos a necessidade de ter em conta a integridade, entre outros valores, nas novas nomeações, tal como estipulado na nossa Constituição. As novas nomeações devem inspirar esperança e um novo começo, e devem refletir o rosto do Quénia, tal como exigido na Constituição”, afirmam os Bispos.

Os prelados lamentaram o aumento dos casos de brutalidade policial que levou à perda de vidas jovens durante protestos pacíficos e defenderam que a nação tem de aprender com os males do passado que a violência e a brutalidade nunca resolverão os conflitos, apelando à polícia para que vise as gangues contratadas para causar danos e não os manifestantes pacíficos. “Como Bispos, alertamos os responsáveis pela aplicação da lei para que respeitem o seu código de conduta. Nenhuma lei permite a detenção injustificada, a tortura ou a morte de pessoas”, sublinharam, ao mesmo tempo que advertiam a polícia contra a possibilidade de ser manipulada para fazer trabalhos sujos por conveniência política.

Apoio ao Presidente no combate à corrupção

Os prelados católicos do Quénia manifestaram também o seu apoio à posição do Presidente Ruto no combate à corrupção, em particular ao seu decreto contra a participação de funcionários públicos nos “harambee” (cooperativas); apelaram à transparência nos donativos e a um regresso ao espírito original do “harambee” que, segundo eles, se perdeu e foi abusado ao longo dos anos. “Somos contra o uso indevido dos locais de culto pelos políticos para ganharem popularidade através da exibição de dinheiro. No entanto, compreendemos que, se recuperarmos o bom espírito de nos unirmos em “harambee”, poderemos ajudar muito os necessitados. Temos de insistir na prestação de contas dos fundos e na garantia da proveniência dos donativos”, afirmaram os Bispos.

Os Bispos condenaram igualmente condenaram igualmente a utilização dos locais de culto e os funerais para fins políticos, apelando ao respeito e ao decoro durante estas ocasiões solenes.

Não à intolerância: jovens inclusivos e construtores de democracia

E, dirigindo-se aos jovens, em particular à chamada “Geração Z”, os prelados elogiaram o seu papel na condução da mudança social, mas advertiram contra a intolerância e as conversas divisionistas. Incentivaram os jovens a permanecerem inclusivos e a respeitarem as diferentes perspectivas, sublinhando a importância da construção de princípios democráticos. “Fostes importantes para impulsionar a mudança e chamar a atenção para os nossos males sociais; suscitastes um debate nacional e mesmo global sobre o que significa ser uma democracia, o tipo de liderança que deve estimular a criatividade e as oportunidades para os cidadãos, os valores e os princípios que definem as nossas instituições públicas: agradecemos-vos e continuamos a apoiar-vos na aspiração pelo bem da nossa sociedade”, observaram os prelados.

Lutar por sistemas que respeitem Deus

Os Bispos do Quénia exortaram, finalmente, os jovens “a se recordarem de que, para além de lutarmos por melhores sistemas, temos de lutar por sistemas sociais que respeitem Deus. Há um risco real de que, à medida que se pressiona por uma agenda verdadeiramente transformadora, se torne intolerante a ideias e visões que não são semelhantes às próprias”, advertem os prelados. A intolerância leva a conversas que dividem e que podem degenerar em anarquia. Por isso, pedimos que sejais abertos a conversas inclusivas, para serdes também enriquecidos por perspectivas que poderiam não ser óbvias para vós, concluem os prelados quenianos.

 

 

Fonte: VATICAN NEWS

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