Igreja Metodista Unida dos EUA enfrenta dissidências com fim de políticas anti-LGBT

Com milhares de congregações conservadoras a anunciaram a sua desfiliação da IMU, na sequência da histórica decisão da semana passada de acabar com oposição à comunidade LGBTQ, também afiliadas em África, onde a Igreja conta com 4,6 milhões de membros, deverão também optar pela saída.

De acordo com a agência AP, um grupo de delegados africanos protestou no exterior da Conferência Geral da semana passada, em que a decisão foi tomada, e disse que os seus membros discutiriam se deveriam desafilar-se.

“A Conferência Geral não nos ouviu”, disse o Reverendo Jerry Kulah do grupo conservador Iniciativa África, argumentando que a denominação se afastou do ensinamento bíblico sobre o casamento. “Nós não acreditamos que sabemos mais do que Jesus”.

O bispo John Wesley Yohanna da Nigéria disse que provavelmente deixará a denominação após o fim do seu mandato, embora fique por agora para evitar divisões na igreja local. “De acordo com a tradição da igreja na África”, acrescentou, “o casamento é entre um homem e uma mulher, ponto final”.

Outros delegados africanos mostram-se satisfeitos com um plano que amplia a autonomia regional sobre questões de sexualidade, permitindo que as igrejas africanas mantenham as proibições de casamento e ordenação na sua região enquanto permanecem na denominação.

“A nossa decisão de permanecer na Igreja Metodista Unida não está condicionada pelo que acontece na América”, disse o Reverendo Ande Emmanuel, do sul da Nigéria. “Deus chamou-nos para uma igreja, e a igreja não é propriedade dos Estados Unidos.”

O Bispo Eben Nhiwatiwa do Zimbabué e a maioria dos bispos africanos na Conferência Geral concordam que o plano de regionalização respeita as culturas locais.

O fim das proibições marca o fim de meio século de batalhas e celeumas sobre o envolvimento LGBTQ, não apenas na IMU, mas nas principais denominações protestantes dos EUA em geral.

A Conferência removeu dos seus ensinamentos sociais oficiais uma declaração com 52 anos que considerava “a prática da homossexualidade” como sendo “incompatível com o ensino cristão” e aprovou outras medidas para eliminar a linguagem anti-LGBTQ+ dos documentos oficiais da IMU.

Eliminou também a proibição de “homossexuais praticantes declarados” serem ordenados ou nomeados como pastores e substituiu a definição exclusivamente heterossexual de casamento, aprovada apenas após uma emenda, que inclui uma cláusula que classifica, entre parêntesis, o casamento como sendo uma aliança sagrada entre “duas pessoas de fé (homem e mulher adultos em idade de consentimento ou duas pessoas adultas em idade de consentimento) em união”.

Ao longo das décadas, houve muitos casos de desobediência civil eclesiástica — clérigos realizaram ordenações e casamentos que desafiavam as proibições da Igreja, alguns dos quais foram julgados por heresia ou outras infrações.

As maiores denominações metodistas, presbiterianas, episcopais e luteranas do país eliminaram agora barreiras à participação LGBTQ no púlpito e no altar.

Mais de 7.600 congregações, na sua maioria conservadoras, nos Estados Unidos – um quarto do total norte-americano da denominação – desfiliaram-se porque a IMU deixou de aplicar as suas proibições ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à ordenação LGBTQ.

A saída de muitos conservadores da IMU possibilitou que o encontro agora realizado tenha apresentado a lista de delegados mais progressista de que há memória.

Até há pouco tempo, a denominação era a terceira maior dos Estados Unidos, estando presente em quase todos os condados.

No entanto, espera-se que os seus 5,4 milhões de membros nos EUA em 2022 diminuam quando as saídas de 2023 forem contabilizadas.

Demorou apenas alguns dias para os delegados da Conferência Geral da Igreja Metodista Unida (IMU), um encontro de 11 dias, em Charlotte, na Nova Carolina, nos EUA, porem fim a meio século de proibições a pastores homossexuais e aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas quando questionada, em conferência de imprensa sobre a rapidez das mudanças, a reverenda Effie McAvoy afirmou que foi “muito curativa”.

Fonte: RTP

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