A Polícia de Gondola, na província moçambicana de Manica, deteve um líder religioso, de 37 anos de uma seita religiosa Johan Marange, cujo nome não foi divulgado, devido um casamento prematuro e anulou a relação com uma menor de 14 anos.
O líder polígamo da seita – famosa por autorizar casamentos prematuros e rejeitar a medicina convencional – iniciou o envolvimento com a menor, que seria a sua oitava esposa, no início de 2016, sob promessas de várias dotes, disse à VOA um parente da rapariga.
A mãe da menor tinha chegado a um acordo com o líder religioso, mas a sua família, que era contrária a relação, denunciou o caso a polícia no passado dia 7, quando a relação ia ser formalizada.
“A mãe tem fragilidades financeiras, então olhava no casamento como um alívio, mas a rapariga não concordava com a relação e só tinha entrado na relação para agradar aos parentes próximos” contou a fonte, que é também concunhado do líder religioso.
A denuncia à polícia, foi “feita porque vários tios e tias da rapariga também não concordavam com o casamento, pois além de menor, a rapariga ainda não tem escolaridade e preparo para cuidar de um lar polígamo”, defendeu a mesma fonte.
Após a denuncia e detenção do líder polígamo, um dos seus irmãos tentou subornar um agente com 10 mil meticais (150 dólares) e também acabou preso.
A mãe da rapariga ficou retida por conivência, mas viria a ser solta.
A porta-voz da Polícia de Manica, Elsidia Filipe, confirmou a prisão e adiantou que o caso seguiu para instâncias judiciais.
“Sim, em Gondola, recebemos uma denúncia de um indivíduo que tinha uma relação com uma menor de 14 anos, e quando pretenderia formalizar junto à família, esta fez a denúncia junto do Departamento de Violência Doméstica e acabou se lavrando um processo, para os passos subsequentes”, disse Filipe.
Em 2011, uma menor de 13 anos desencadeou um processo judicial em Manica, para contestar um casamento arranjado pelo seu pai com um polígamo, ambos crentes da seita Johan Marange, conhecida por autorizar casamentos prematuros.
Já em 2015, outras três menores de 14 anos desencadearam um processo no tribunal judicial provincial de Manica, no centro de Moçambique, para contestar casamentos impostos pelos pais e lideres da mesma organização religiosa, Johan Marange.
Geralmente, o pastor da igreja Johan Marange tem a obrigação de casar com a filha e ou esposa dos crentes, assim que sonhar com elas. Os membros não têm o mesmo direito.
O casamento prematuro é um dos problemas mais graves de desenvolvimento humano em Moçambique, mas que ainda é largamente ignorado no âmbito dos desafios de desenvolvimento que o país persegue – requerendo por isso uma maior atenção dos decisores políticos, alerta um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Fonte: Voa