Organização do movimento gospel, foi tema uma uma abordagem feita na última semana por músicos evangélicos, a margem de um evento que aconteceu em Viana, Luanda. O músico Josafat Joss, lembrou a reportagem do Arautos da Fé, que a música gospel já esteve mais confinada aos templos e hoje já é levada a grande espaços, que contam com a presença “massiva” dos crentes. “O movimento gospel já está numa dimensão muita alta como fala o meu irmão Israel de Deus.”
Sobre a desorganização dentro do movimento, disse que não nega “uma pequena desorganização”, mas que tem conversado com outros artistas para que sejam encontradas soluções. Referiu que a realização de vários eventos gospel no mesmo período tem deixado o público confuso e apontou isso, como sendo uma das coisas a corrigir. “São coisas que já estamos a conversar em algumas reuniões que a gente tem, para ver como é que futuramente vamos proceder nessas situações.”
Sobre o trabalho da Associação dos Músicos Cristãos de Angola (Asso-Música), disse que é reconhecido por alguns músicos, mas os outros, até aqui não reconhecem.
“Não sei se ignoraram ou é falta de informação. Mas sei que a Asso-Música, uma associação que respeitamos muito, deve trabalhar mais no sentido de informar mais os músicos, chegar em locais onde há actividades grandes, tentar consciencializa-los e daí acho que terá mais impacto.”
Para Josafat, a referida associação deve tomar dianteira, “reunir os músicos” e ajudar a “controlar a questão de muitos eventos”. Há algum tempo, contou, só num dia, houve lançamento de 5 álbuns gospel em Luanda.
“Nesse tempo de crise, como é que a pessoa consegue juntar dinheiro para 5 ou 7 discos? Se num sábado tivermos um lançamento e no outro sábado, outro lançamento o povo de Deus consegue juntar mil ou mil e quinhentos kwanzas e na outra semana fazer a mesma coisa. A Asso-Música pode nos ajudar no sentido de nos reunir. Tem alguns músicos que não chegam a Asso-Música que talvez é falta de informação, há pessoas que têm uma má concepção da Asso-Música, não sabem o que a Asso-Música está a fazer.”
Dos músicos, disse, espera-se que a sua apresentação, atitude “seja uma adoração a Deus”. “E quando a gente não chega nesse ponto, estamos a brincar. Vale a pena deixar o gospel e ir tocar lá no mundo, porque o Senhor está a procura dos verdadeiros adoradores.”
Para Domingos de Melo, que diz não conhecer a Associação dos Músicos Cristãos, os músicos devem ter o foco na evangelização, solidariedade e irmandade.
O que se “vê muito” no movimento gospel, reprova, é a criação de elites. “Os mais conhecidos formam uma elite e os menos conhecidos vão atrás para procurar entrar naquela elite.”
Avalia o estado da música gospel, como sendo “muito positivo” e recorda que já foi considerada como música para óbitos. “Talvez a execução era com menos profissionalismo. Hoje está a ser muito mais exigente tanto para quem escuta como para que faz.”
Sobre a unidade, acredita que “em certa medida” os músicos são unidos.
Preocupado fica quando vê nos cartazes de actividades gospel “uma repetição dos mesmos músicos” e denuncia que os organizadores de eventos, levam para os seus concertos aqueles músicos que atraem o público.
“Nós não podemos ver aqueles que nos levam público, mas aqueles que levam Deus como verdadeiros adoradores. Isso é o que tem de ser revisto”.
Para Emanuel Jerónimo, os músicos precisam de tempo e “muita oração”, porque não podem fazer algo para Deus, sem a Sua direcção. “Quando temos a Direcção de Deus, creio que as coisas acontecem da maneira como Ele quer.”
A seguir, o músico aponta dedicação e investimento, para que os músicos possam fazer um trabalho “com excelência”
Sobre os músicos que assumem vários compromissos para um mesmo dia, disse que não é a favor e justificou. “Não sou a favor de que um músicos tenha 3 ou 4 compromissos no mesmo horário. Porque para além de ser músico você é crente, você precisa ter tempo para ouvir a Palavra de Deus. Não basta simplesmente cantar, você precisa ouvir a Palavra de Deus. A Bíblia diz que a fé por ouvir e no ouvir a Palavra de Deus, não vem através de cantar.”
Músico há mais de 30 anos, Emanuel Jerónimo, entende que a falta de unidade no seio dos músicos, é algo que precisa ser viso.
Para ele, os músicos devem perceber que estão a fazer um trabalho para Deus e que a honra deve ser dada a Ele e não aos homens.
“Os músicos devem parar, ao invés de elevarem o nome pessoal, que se eleve mais o nome de Deus, que seja Deus a ser glorificado e não procurar ser famosos, procurar estar em todos os cartazes, enquanto não podem edificar a vida de alguém através daquilo que fazem.”
Reconhece que a música gospel está a ganhar o seu espaço e destaca o facto de já poder ser ouvida em qualquer lugar a música. “Isso requer mais dos músicos mais trabalho, mas preparação, mas intimidade com Deus, porque estamos a fazer a nossa parte na questão do evangelismo.”
Pastor e músico, César Prata, defende que é necessário um trabalho rigoroso de selecção de se aferir com quem dá para trabalhar.
Antigo membro da Asso-Música, refere que já não se fala desta associação como antes. “Já não se houve falar da Asso-Música. Eu fiz parte da Asso-Música, mas sai por algumas razões.”
No passado, referiu, quase todos os músicos conhecidos de Luanda e de outras províncias, faziam parte da associação. “A irmã Sofia, o Bambila e tantos outros, mas se me perguntar esses músicos estão hoje na Asso-Música, creio que 80 ou 70% já não estão.”
Quanto ao papel desempenhava que reserva para a associação, o músico disse que esta “devia levantar” a música gospel em Angola, até porque é a uma associação de âmbito nacional.
Os músicos, não só os que têm destaque, mesmo aqueles que começam a despontar, deviam segundo César Prata, ser inscritos na Asso-Música. “A Asso-Música devia ter um projecto já, fazer concertos gospel, devia ter estúdios, devia apoiar esses músicos que estão a vir agora e não têm possibilidade. Alguém tinha de ter uma visão como essa e a Asso-Música joga um papel importante, porque daqui a pouco, vai nascer um outro movimento que vai tirar o lugar da Asso-Música. Sabe, quando a gente não faz nada, parece que a gente não existe.”
Outra sugestão do músico, é que a associação trabalhe com os líderes das Igrejas. “Ultimamente a Asso-Música ficou estagnada e as pessoas ficaram a confiar num elemento só e esse, também as pessoas a quem ele confiava, sentaram. Então tudo sentou. A Asso-Música pode trabalhar hoje com os Pastores presidentes das Igrejas, é muito coisa que a gente pode fazer.”