Heróis da Independência “abençoam” hospital público de categoria terciária

Um novo hospital abriu as portas ao público no município de Cacuaco, em Luanda, quase cinco anos depois da realização de um encontro do Presidente da República, João Lourenço, com os governadores provinciais, onde auscultou as necessidades de cada província.

O novo hospital recebeu um nome que reflecte o heroísmo de homens e mulheres que tornaram possível a proclamação da Independência Nacional, por terem impedido, na épica Batalha de Kifangondo, que forças militares da FNLA e do Exército de Mobutu, da então República do Zaire, auxiliadas por mercenários sul-africanos e portugueses, chegassem à capital de Angola, à cidade de Luanda.

Kifangondo, uma comuna do município de Cacuaco, cerca de trinta quilómetros da cidade de Luanda, ficou célebre por ter sido palco da batalha decisiva para a proclamação da Independência, à meia-noite de 11 de Novembro de 1975, pelo Presidente Agostinho Neto.

“Heróis de Kifangondo”, o nome atribuído ao Hospital Geral de Cacuaco, vai ser a segunda casa de, também, “heróis anónimos”, mas com formação em Ciências da Saúde, que vão salvar vidas de crianças e adultos, vítimas de doenças que precisam de tratamento especializado.

Depois de ter ouvido o governador da província de Luanda, à época o já falecido Sérgio Luther Rescova, no encontro de auscultação, realizado em Dezembro de 2019, o Presidente João Lourenço, compreendendo melhor a situação sanitária de Luanda, orientou a construção, em Viana e em Cacuaco, de um hospital de referência em cada um daqueles dois municípios, decisão resultante do crescimento populacional da província de Luanda, com o objectivo de assegurar a melhoria da assistência médica especializada.

O Hospital Geral de Cacuaco “Heróis de Kifangondo” tem capacidade para 322 camas e dispõe de quatro enfermarias de internamento, sendo duas para adultos, com 68 camas, e duas para crianças, com igual número de camas.

A construção da unidade sanitária na cidade do Sequele teve início em Setembro de 2021 e esteve a cargo da empresa Vamed Internacional, com fiscalização da empresa Interserviços.

A construção do hospital, que comporta três pisos, obedeceu a padrões internacionais de qualidade e segurança e gerou emprego para cerca de três mil trabalhadores locais.

Numa primeira fase, o Hospital Geral de Cacuaco vai funcionar com cerca de 1.200 trabalhadores, entre profissionais de saúde e de áreas técnicas e administrativas, número que, mais tarde, pode vir a subir para 1.500.

Jornalistas de vários órgãos de comunicação social estiveram no Hospital Geral de Cacuaco um dia antes da inauguração e puderam confirmar que a unidade sanitária tem todas as condições criadas para estar já de portas abertas.

Distribuição dos serviços

O Hospital Geral de Cacuaco tem, no piso um, uma maternidade, com as seguintes condições: uma sala de pré-parto, com oito camas, três salas de parto, um bloco operatório de cesarianas, sala de reanimação neonatal e um bloco operatório, com 34 camas, e um berçário.

O piso um acomoda, também, uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal (com laboratório equipado e gasómetro) e o serviço de Cuidados Intensivos Polivalente (com dez camas para adultos e oito camas para crianças e duas salas de isolamento).

Estão, igualmente, no piso um as áreas de internamento de menores de cinco anos, com 34 camas, uma central de reprocessamento de dispositivos médicos, devidamente equipada com fluxo unidireccional, respeitando, assim, os padrões internacionais, e um espaço para os serviços administrativos, que possui sala de reunião, três salas de trabalho e nove gabinetes.

Centro de tratamento  de crianças com cancro

Angola tem, desde sexta-feira, o primeiro Centro de Oncologia Pediátrica, que vai empregar a técnica de braquiterapia, um procedimento inovador para o tratamento do cancro, já usado em países desenvolvidos.

A informação foi avançada à imprensa por João Wilson Rocha, o director do Centro de Oncologia Pediátrica, uma das áreas de atendimento médico do Hospital Geral de Cacuaco “Heróis de Kifangondo”, inaugurado, na manhã de ontem, pelo Presidente da República, João Lourenço.

O médico João Wilson Rocha informou que o centro tem capacidade para tratar, em simultâneo e em regime de quimioterapia, 26 crianças, assim como uma capacidade de internamento para 34 camas, numa primeira fase.

O médico oncologista explicou que a braquiterapia, também chamada de radioterapia interna, consiste na emissão de radiação para uma parte específica do corpo, usando um aparelho, com tecnologia de ponta, chamado “acelerador linear”.

João Rocha adiantou que o “acelerador linear” do centro é, até hoje, o único existente em Angola e é um aparelho que administra várias modalidades de tratamento, como o de hipofraccionamento, que reduz e aumenta as doses de radiação em menos tempo.

O especialista em Medicina Oncológica explicou que, por via do uso do “acelerador linear”, “é possível aumentar o número de pacientes tratados por dia, reduzir o tempo total de tratamento dos pacientes com cancro e evitar desistência [hospitalar], que se tem registado, de doentes que não têm condições de se deslocarem, com regularidade, aos hospitais”.

 

Fonte: JA

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