“Ambiente gospel – mercantilização da fé ou busca de alternativas para a sustentabilidade do ministério de louvor”, foi o primeiro de quatro debates que o Praiseart e o portal Arautos da Fé, realizam desde o primeiro dia de setembro, no pátio da universidade Metodista de Angola.
Ao abortar o tema, o Pastor Ovídio de Freitas, reconheceu que a nova geração de músicos “tem feito um trabalho notável” dentro da Igreja. “Estou em crer que o objectivo primário é levar a Palavra de Deus, porque se o objectivo for buscar o lucro, não estamos a fazer um trabalho para Deus”.
Defendeu ser necessário que o músico cristão seja acompanhados por um Pastor ou pessoa idónea, que o ajude a regular a sua actividade e contou ter testemunhado momentos em que num só dia músico cantou em em mais de duas igrejas. “Isso é errado”, afirmou, acrescentado que o músico chega numa igreja, interrompe a liturgia para cantar e divulgar o seu trabalho, porque tem outras agendas.
E por vezes, lamentou, o ofertório ainda não aconteceu e o músico anuncia que tem discos à venda sem concertar com a direcção da igreja. Num dia como esse, frisou, as ofertas da igreja se tornam fracas porque o membro deixa de ofertar e vai comprar disco. O ideal, aconselhou, é fazer o culto numa só igreja, respeitar a liturgia e observar as orientações da igreja. Se o altar for usado para o comércio, alertou, pode acontecer que um dia um irmão que vende chinelos, vai se sentir no direito de anunciar o seu produto como o faz o músico.
Na mesma linha de pensamento está o Pastor Maiomona Afonso, que observou que apesar do Evangelho ser de graça, existem custos para leva-lo as pessoas.
Manter o trabalho missionário tem custos, mas o propósito não pode ser o lucro, exortou o Pastor que lamentou o facto de muitas igrejas não suportarem os seus músicos.
O professor Armando Zibungana, disse que tem havido mal interpretação do versículo que diz “de graça recebeste, de graça dai”. O Evangelho, referiu, é de graça mas custou a descida do filho de Deus, a sua morte na cruz e o seu sangue.
A formação musical, afirmou, é das mais caras e os equipamentos muito caros. Para ilustrar, falou do preço de um teclado que pode chegar aos 3.000 Euros e um computador “para o exercício da actividade musical” que pode custar cerca de 2.000 Euros.
Outro professor de música que participou no debate, Mateus Júnior, lembrou que os músicos da Casa do Senhor “nos tempos bíblicos”, eram instruídos no canto e “todos” eram mestres. Naqueles tempos, sublinhou, os músicos eram pagos.
A bíblia, lembrou, diz “Buscai primeiro o Reino de Deus e tudo o resto vos será acrescentado”, mas hoje, deplorou, “queremos buscar primeiro os restos”.