Na sua mensagem (citada pela agência Fides), os Bispos dirigem-se diretamente aos jovens da chamada Geração Z, que são os principais animadores dos protestos realizados nos últimos dias contra a lei das finanças posteriormente retirada pelo Presidente William Ruto. “A mensagem da Geração Z suscita muita preocupação e até lágrimas, pois vemos tantos jovens a sofrer. Vós vos sentis amargurados e esquecidos e as vossas aspirações frustradas. Alguns até sentem que, por vezes, a Igreja poderia tê-los desiludido”, afirmam os Bispos.
Referindo-se aos confrontos entre manifestantes e a polícia, com um balanço de pelo menos 30 mortos, a mensagem afirma: “esta semana, muitos jovens perderam a vida nas manifestações e vários outros ficaram feridos. Lamentamos profundamente e queremos consolar-vos enquanto rezamos por estes irmãos e irmãs”. A Conferência Episcopal condena, portanto, “a ação brutal e desumana da polícia, que é injustificável”. “As preocupações levantadas pela Geração Z são genuínas aos nossos olhos. Partilhamos a vossa dor pelo desemprego, pela falta de benefícios educativos para muitas famílias, pelas promessas não cumpridas e pelo futuro aparentemente sombrio”.
“É uma palavra de grande coragem e de conforto para todo o povo. Creio que é uma palavra evangélica de pastores que querem caminhar e acompanhar os jovens nas suas aspirações”, diz a fonte citada pela Fides. “É um documento que reconhece neste movimento do povo um bem para todos, para além de qualquer filiação étnica, partidária ou mesmo religiosa”, sublinha. De facto, na sua mensagem, os Bispos observam que “admirámos a unidade para além da tribo ou da classe social, que é um sinal de verdadeiro cuidado e amor”. “Como Igreja, estamos aqui para vos escutar e acompanhar. As nossas portas estão abertas para vos oferecer orientação e acompanhamento. Desejamos que cada um de vós cresça para ser o melhor que o nosso Deus pretende para cada um de vós. As vossas esperanças são as nossas esperanças”, reiteram os prelados.
Em conclusão, segundo a fonte da Fides, “nunca tinha acontecido um manifesto tão corajoso e positivo, assim como nunca tinha acontecido uma unidade do povo como nas manifestações dos últimos dias, embora infelizmente ensombradas por franjas violentas e por uma violência policial exagerada”.
Imediatamente após ter retirado a controversa lei das finanças, o Presidente William Ruto teve um encontro, a 28 de junho, com uma delegação da Conferência Episcopal, durante o qual elogiou o empenho da Igreja Católica “em participar no esforço multi-setorial de procurar soluções para os problemas que afligem o país” – com a agência Fides.
Fonte: Vatican News