Cento e cinquenta profissionais de saúde e agentes do Ministério do Interior (MININT) participam, desde segunda-feira, na Escola de Formação de Técnicos do Serviço Social (ENFOTSS), no município de Cacuaco, numa formação sobre língua gestual angolana.
Promovida pelos Ministérios da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Interior (MININT), Educação (MED) e Saúde (MINSA), a acção formativa decorre num período de seis semanas, com um treino intensivo de 120 horas.
Na ocasião, a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), Ana Paula do Sacramento Neto, defendeu que a inclusão social é a base justa e progressiva para tornar os serviços públicos acessíveis.
A formação, referiu, representa o início de uma nova era no atendimento ao público, tendo augurado que os participantes coloquem em prática todos os conhecimentos retidos ao longo da capacitação, com vista a um serviço público mais inclusivo e sociável.Ana Paula do Sacramento Neto destacou que nos últimos anos, o Executivo tem implementado iniciativas para tornar a acessibilidade uma prioridade nacional, desde o sector dos Transportes, Construção Civil e de Comunicação, com a inserção de autocarros e comboios adaptados para garantir que pessoas com deficiência física e outras, possam se deslocar com segurança e independência.
“A construção de rampas de acesso, elevadores adaptados e instalações sanitárias acessíveis é actualmente uma realidade em muitos edifícios públicos e privados”, sublinhou, adiantando que estes avanços são passos decisivos para assegurar os mesmos direitos e acesso a todos.
A acção formativa em língua gestual angolana, continuou, não é apenas um aprendizado técnico, mas sim, um compromisso pelo respeito e a dignidade de todos os cidadãos. “Cada gesto, cada sinal que aprendem aqui, é um instrumento poderoso para fortalecer o entendimento e a conexão entre as pessoas”, disse.
Primeira fase
A secretária de Estado para o Ensino Secundário, Soraya de Jesus Kalongela, informou que o primeiro turno da formação teve arranque ontem e encerra no dia 20 de Dezembro, com o suporte de oito formadores do Ministério da Educação.
Os 150 participantes desta primeira fase, explicou a secretária de Estado, vão ser potenciados com os conhecimentos necessários para melhorar o relacionamento com as pessoas com deficiência auditiva. “A segunda e terceira fase estão previstas para os meses de Janeiro e Março”, informou.
A intenção, disse, é formar 300 pessoas na especialidade de língua gestual angolana. O colectivo de formadores, realçou, vai ser coordenado por Carlos Valdez. O acto contou, também, com a presença do ministro do Interior, Manuel Homem, e dos secretários de Estado para Acção Social, Dina Mayimona, para a Saúde Pública, Carlos Pinto de Sousa, e para o Interior, Arnaldo Carlos.
Associação recebe mais de 30 pedidos de tradução por ano
A direcção da Associação Nacional dos Surdos de Angola (ANSA) recebe, anualmente, mais de 30 solicitações de especialistas de interpretação gestual nos tribunais e na Polícia Nacional, para facilitar a comunicação com pessoas com deficiência auditiva.
O presidente da associação, Agnaldo Soares, disse que a Administração Pública deve apostar cada vez mais na inclusão dos intérpretes de linguagem gestual em todas as instituições, com o intuito de melhorar a qualidade da comunicação com os utentes, em especial com as pessoas com deficiência auditiva. “Por esta razão solicitamos a inserção de intérpretes em todos os lugares da administração pública para o auxílio das pessoas surdas”, disse, além de referir que vai ajudar a reduzir os pedidos e reclamações nas repartições públicas.
Agnelo Soares informou que a associação supervisiona mais de 30 intérpretes de língua gestual no país. O dirigente da ANSA, felicitou os Ministérios da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Educação, Saúde e Interior por terem promovido a acção formativa dirigida aos profissionais do sector da Saúde e dos diferentes órgãos do MININT.
Fonte: JA