“Até ao dia de hoje temos 39 pedidos de reparação financeira”, refere Rute Agulhas em entrevista à Agência Ecclesia conduzida pelo jornalista Henrique Matos. A coordenadora do Grupo Vita lembra que este processo decorre de 1 de junho a 31 de dezembro.
“O processo das reparações financeiras como sabemos iniciou-se agora entre 1 de junho e 31 de dezembro. Até ao dia de hoje temos 39 pedidos de reparação financeira. A maior parte destas pessoas são situações que já conhecemos e acompanhamos. E depois há um número mais pequeno de pessoas que não conhecemos e que nos contactaram apenas com esse objetivo”, afirmou.
O Grupo Vita tem por missão acompanhar situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis na Igreja Católica e divulgou o seu segundo relatório de atividades no dia 18 de junho em Fátima. Em entrevista à Agência Ecclesia a coordenadora Rute Agulhas declara que recebeu 105 denúncias, nos primeiros 12 meses de funcionamento.
“Neste primeiro ano de funcionamento, temos um conjunto de 105 pessoas, vítimas de violência sexual no contexto da Igreja Católica, que nos pediram ajuda e que nos reportaram a sua situação”, indica Rute Agulhas.
A psicóloga precisa que, “na grande maioria das situações”, as vítimas “falam na primeira pessoa” sobre os abusos que sofreram.
Das 105 situações registadas pelo Grupo Vita, 64 pessoas contactaram com o organismo “presencialmente ou online”, incluindo cinco pessoas, adultas sem uma vulnerabilidade acrescida, que se envolveram sexualmente com alguém do clero.
“São pessoas que, na sua maioria, não são anónimas e este é um dado importante: a maior parte destas pessoas, a esmagadora maioria, dá a cara, dá o nome”, destaca a coordenadora.
Em termos de apoio às vítimas, o apoio psicológico é um dos mais solicitados, com 23 vítimas em “acompanhamento regular” por psicólogos da bolsa de profissionais criada pelo Grupo Vita, em consultas que “inteiramente pagas pelas estruturas da Igreja”. Há também pedidos de apoio psiquiátrico e espiritual”, revela.
Para Rute Agulhas esta experiência tem sido desafiante porque há uma mudança de paradigma a acontecer sobre este tema dos abusos sexuais. Um tema tabu que está a ser tirado da gaveta, sendo agora possível falar de forma clara.
“Há aqui uma mudança de paradigma que é importante, esta cultura de desocultar o tema, tirá-lo da gaveta dos tabus e passarmos a falar dele de uma forma clara”, assinala a responsável.
A responsável revela que o Grupo Vita está a promover um estudo “pioneiro”, sob anonimato, relativamente à forma como é vivido o celibato, por parte de seminaristas, membros do clero e de institutos religiosos, masculinos e femininos.
O objetivo é perceber “de que maneira é que estas pessoas podem ser ajudadas na integração desta sua opção”. No entanto, Rute Agulhas sublinha que “confundir celibato com violência sexual é um erro”.
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