Profissionais de saúde alertam que número de casos registados pode ser inferior à realidade e apontam a falta de perspectiva económica e a pressão social como factores que podem causar perturbações mentais e suicídios.
As autoridades angolanas receberam mais 2,5 mil notificações de casos de suicídio em Angola nos últimos quatro anos. Os dados foram divulgados pelo Serviço de Investigação Criminal e revelam a necessidade de um olhar mais cauteloso para a depressão no país.
Especialistas angolanos relacionam a incidência de casos de suicídio com a crise económica. O psicólogo e jornalista Fernando Guelengue parece convicto quando sugere que a crise económica e social de Angola está a influenciar o crescimento dos índices de suicídio desde 2014.
“Se de 2013 a 2018 houve um aumento de mais de 2,5 mil casos de suicídio divulgados pelas autoridades isso significa que a crise que começou potencialmente em 2013 – e deu sinais mais evidentes em 2014 – é um dos grandes problemas que estão na origem dos suicídios em Angola”, avalia.
Os reflexos do aumento do número de pacientes a procurar ajuda para tratar doenças mentais também pode ser verificado junto aos consultórios de atendimento especializado. O psicólogo Nvunda Tonet diz que o número de pacientes com perturbações mentais tem vindo a aumentar nos últimos cinco anos, tal como o número de consultas.
Tonet afirma que o relatório do hospital psiquiátrico de Luanda em 2019 regista que os casos de perturbações mentais ultrapassam 8 mil anualmente. “Isso nos mostra a necessidade que há de se investir de forma séria em Angola nos cuidados de saúde mental”, sugere.
Quem é mais vulnerável
Para o psicólogo, as pessoas em idade produtiva e as mulheres mais jovens têm perfil mais propenso a cometer o suicídio, justamente por estarem mais expostas à pressão verificada hoje na sociedade angolana.
“Esse ano o Produto Interno Bruto (PIB) não vai crescer mais do que 1%, o que significa que o nível de dificuldades económicas vai continuar o mesmo, as dificuldades da população vão continuar”, calcula Tonet.
Diante das directrizes da Organização Mundial da Saúde, é necessário um trabalho de prevenção para reduzir as taxas de suicídio em 10% ao longo dos próximos anos. Guelengue defende a implementação de políticas públicas, um Plano Nacional para Prevenir e Reduzir os números crescentes de doenças mentais, como medida fundamental.
“Para a saída desse problema, é necessário um plano nacional de prevenção ao suicídio que envolva os ministérios”, aponta.
Números podem ser maiores
Guelengue vê a dificuldade de obtenção de dados reais sobre o número de mortes por suicídio como um grande desafio em Angola, uma vez que nem sempre os casos são notificados para as autoridades. O psicólogo sugere que número de casos pode ser ainda maior do que o divulgado.
“Ainda não há controle efectivo, intuições de sondagem, instituições de pesquisas, que trabalhem para movimentar muitas informações e recolher dados sobre o suicídio em Angola.
Esses números não são poucos, são números elevados pois existem comunidades longínquas onde se passam problemas de suicídio que não chegam nos órgãos de comunicação social”.
Fonte: DW
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