Morreu o cardeal que deu nome ao Papa Francisco
Claudio Hummes, arcebispo emérito de S. Paulo, faleceu aos 87 anos. Dedicou a vida a defender os pobres e os indígenas da Amazónia.
Jorge Bergoglio contou a história várias vezes. Quando foi eleito Papa tinha a seu lado no consistório o cardeal Claudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, que o abraçou e lhe disse: “Não te esqueças dos pobres”. E, por isso, ao escolher o nome que iria usar, Jorge escolheu “Francisco” em referência ao “poverello” de Assis, fundador do Ordem Franciscana. Claudio Hummes, Dom Cláudio como os brasileiros lhe chamavam, morreu esta segunda-feira às 9h00, depois de “prolongada enfermidade”, segundo o comunicado do cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.
“Comunico, com grande pesar, o falecimento do Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero, com a idade de 88 anos incompletos, após prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus”, lê-se no comunicado, que também lembra o percurso deste homem que dedicou a vida a Deus, aos pobres e aos índios da Amazónia.
Nascido no Estado de Rio Grande do Sul a 8 de agosto de 1934, de uma família de origem alemã, Auri Afonso Hummes entrou para a vida religiosa na Ordem Franciscana, mudando o nome para Cláudio, e foi ordenado padre em 1958. Em maio de 1975 foi ordenado bispo, tendo sido bispo de Santo André (uma diocese no Estado de São Paulo). Aí destacou-se pela defesa dos trabalhadores, apoiando os sindicatos e tendo mesmo participado em greves como bispo encarregado da Pastoral Operária em todo o Brasil.
Em 1996 foi nomeado arcebispo de Fortaleza, no Ceará e, dois anos depois, foi escolhido para arcebispo de São Paulo. Em 2001 foi escolhido por João Paulo II para o Colégio Cardinalício e, de 2006 a 2011, já com Bento XVI como Papa, viveu e trabalhou em Roma como Prefeito da Congregação para o Clero.
De regresso ao Brasil, ocupou a função de Presidente da Comissão Episcopal para a Amazónia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, mais recentemente, da Conferência Eclesial da Amazónia (CEAMA). Em 2019, viveu com grande entusiasmo a convocação do chamado Sínodo para a Amazónia como forma de concentrar a atenção colectiva da Igreja numa região esquecida pelo mundo.
“Os povos indígenas demonstraram de muitas maneiras que desejam o apoio da Igreja na defesa e protecção dos seus direitos, na construção do seu futuro. E pedem que a Igreja seja uma aliada constante”, disse num dos encontros sinodais, onde também defendeu: “Aos povos indígenas devem ser restituídos e garantidos o direito de serem protagonistas de sua história, sujeitos e não objectos do espírito e da acção do colonialismo de ninguém.”
Encarou o Sínodo como um processo e, sobretudo desde 2020, quando foi nomeado presidente da Conferência Eclesial da Amazónia, na “aplicação” das indicações da reunião, não desistindo de denunciar a “grave crise climática e ecológica” que realmente coloca em risco “o futuro do planeta e, portanto, o futuro da humanidade”. Tinha noção de que o “caminho será longo e ainda é indecifrável”, mas continuava a olhar com esperança para o futuro. “As gerações futuras nos cobrarão, se não fizermos a nossa parte.”
Fonte: Expresso
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