Mais de 60, das 102 igrejas e seitas religiosas registadas no Cuando Cubango, estão a exercer as actividades de forma ilegal e clandestina, denunciou, sábado, na cidade de Menongue, o chefe de departamento da Cultura, Património Histórico e Comunidade Tradicional.
Gabriel José Cassanga explicou que as 60 igrejas ilegais não deveriam exercer qualquer actividade, enquanto aguardam o reconhecimento do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), mas continuam a desobedecer as orientações da instituição.
A atitude demonstrada pelos líderes das referidas igrejas, disse, é ilegal e está a incentivar a desordem e proliferação de seitas religiosas ilegais. A maior parte das igrejas não reconhecidas, revelou, tem origem na República Democrática do Congo (RDC).
O último trabalho de inspecção de igrejas em Menongue, recordou, foi realizado em 2018, sob coordenação de uma comissão multissectorial, tendo resultado no encerramento de 12 seitas ilegais. Actualmente, sublinhou, a maior parte das seitas ilegais está em Menongue, capital do Cuando Cubango, que tem 400 mil habitantes.
Em Menongue, avançou, a maioria das igrejas ilegais está nas zonas periféricas de construções desordenadas, como forma de fugir ao controlo do Estado. “Muitas, para fugirem à visita das instituições de fiscalização, optam por cultuar fora do horário normal, de preferência no período nocturno”, disse.
As seitas não reconhecidas, acrescentou, estão instaladas com maior incidência nos bairros Boa Vida, Boa Esperança, 4 de Abril, Cazenga, Benfica, Novo, Paz e Tchivonde, arredores da cidade de Menongue.
Para inverter o actual quadro, realçou, o governo da província vai criar, nos próximos dias, uma comissão multissectorial, de forma a impedir que estas igrejas ilegais continuem a exercer as actividades.
Desestruturação
O chefe do Departamento da Cultura, Património Histórico e Comunidade Tradicional do Cuando Cubango reconheceu que o surgimento destas igrejas não reconhecidas está a resultar também na desestruturação de muitas famílias, assim como em casos de poluição sonora.
As igrejas que se encontram nestas condições e lideradas por falsos pastores, referiu, quando são descobertas num determinado bairro, automaticamente mudam para outro e consequentemente alteram a nomenclatura para tentar enganar o Governo.
Gabriel José Cassanga disse ainda que muitos pastores quando se instalam nos bairros periféricos não contactam o Gabinete Provincial da Cultura, mas sim as autoridades tradicionais. Por isso, destacou, a proliferação religiosa continua.
“É preciso que os cidadãos da província estejam atentos às igrejas e seitas religiosas ilegais”, apontou, adiantando que há necessidade de se imprimir maior fiscalização da actividade religiosa no Cuando Cubango, sobretudo na cidade de Menongue e nos municípios fronteiriços, onde o movimento demográfico é crescente.
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