Mais de 180 hospitais foram inaugurados em seis anos

O país ganhou, desde 2017 até ao primeiro semestre do ano em curso, 189 unidades sanitárias. Deste número, 54 foram construídas no âmbito do Programa de Investimento Público (PIP) e 135 no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).

A informação foi prestada, ontem, em Luanda, pelo secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar, Leonardo Inocêncio, durante a 22.ª sessão temática do programa “Comunicar por Angola”, subordinada ao tema “Infra-estruturas da Saúde Pública em Angola”.

Leonardo Inocêncio explicou que do total de 189 unidades sanitárias,175 foram construídas no primeiro nível de assistência, correspondendo assim a um ganho na ordem dos 93 por cento.

Segundo o governante, actualmente, o país conta com um total de 3.344 unidades de saúde, e muitas delas foram construídas de raiz, outras ampliadas, reabilitadas e apetrechadas com novas tecnologias, o que contribui para um atendimento e tratamento mais célere e menos invasivo aos pacientes.

Leonardo Inocêncio disse ser meta do Executivo angolano criar condições para que 80 por cento da população seja atendida no nível primário de assistência, 15 no nível secundário e cinco por cento no nível terciário.

Daí que, referiu, uma das grandes prioridades do Ministério da Saúde é reforçar o nível primário de atenção sanitária, levando a cabo acções práticas que visam a recuperação da rede física da saúde e vinculá-la ao Sistema Nacional de Saúde.

Entre os ganhos do sector no período entre 2017 e 2024, constam o aumento de 4.623 novas camas, o que perfaz um total de 42.431 leitos, distribuídos nos serviços de enfermarias, unidades de cuidados intensivos (UTI) de adultos, UTI neonatais e pediátricos.

Os serviços de hemodiálise, realçou, também deram um salto significativo, pois, hoje, contam com 648 cadeiras, espalhadas nos vários centros de diálise do país, que atendem, em média, três mil doentes por semana.

O governante disse terem sido criados centros de hemodiálise públicos nos Hospitais Centrais e Gerais, que têm estado a dar resposta aos casos dos doentes da Junta Nacional de Saúde e diminuir as transferências médicas para o estrangeiro, sobretudo dos pacientes com doenças renais crónicas.

Hoje, o país conta com 12 serviços de hemodiálise, nomeadamente o Centro Sol, Centro do Hospital Central da Huíla, Hospital Pediátrico David Bernardino, Hospital Geral do Moxico, Hospital Geral de Luanda, Centros de Hemodiálise de Cabinda e Benguela, Serviço de Hemodiálise do Hospital Geral de Cabinda, Hospital Walter Strangway, no Bié, no Hospital do Prenda, Hospital Geral de Viana “Bispo Emílio de Carvalho” e o Serviço de Hemodiálise do Hospital Geral de Cacuaco “Hérois de Kifangondo”, recentemente inaugurado pelo Presidente João Lourenço.

Além da hemodiálise, explicou, o Serviço de Ortopedia e Reabilitação Física também foi contemplado com a reabilitação dos centros da Gabela, na província do Cuanza-Sul, Negage (Uíge), Cuito (Bié), Luena (Moxico), Cuando Cubango e o Centro de Reabilitação Física da província do Huambo.

O secretário de Estado para a Área Hospitalar referiu-se, igualmente, às unidades de combate à Covid-19, que estão, agora, a ser utilizadas para reforçar os cuidados de atenção primária e secundária.

Destas, disse, estão o Centro de Tratamento da Covid-19 da Barra do Cuanza, com 54 camas, o Hospital de Campanha da Lunda-Norte, com 200 leitos, Hospital de Campanha de Cabinda, igualmente com 200, Centro de Tratamento do Nzeto, com 80, Hospital de Campanha do Soyo, com 50, e Hospital de Campanha do Cunene, com 200 camas.

Necessidade de mais hospitais

Leonardo Inocêncio disse que o Ministério da Saúde se reuniu com os governos provinciais, tendo-se constatado a necessidade de se construir mais 1.856 unidades sanitárias ainda ao longo deste quinquénio, tendo em conta a população por cada província.

Só para a província de Luanda, realçou, há necessidade de mais 606 unidades, nomeadamente postos e centros de saúde, hospitais municipais e gerais e morgues completas com pelo menos 12 gavetas.

No âmbito do PIP e do PIIM -2023 /2024, disse, o sector da Saúde está a fazer o acompanhamento de 387 projectos, que estão a ser desenvolvidos pelos governos provinciais, mas com maior incidência nos municípios.

Humanização dos serviços de saúde

O secretário de Estado para a Área Hospitalar considerou a ética e humanização dos serviços como um elemento fundamental para promover a saúde e o bem-estar da população, promovendo o respeito, empatia, comunicação eficaz, acolhimento e a dignidade no atendimento.

Segundo Leonardo Inocêncio, o Ministério da Saúde estende a importância da humanização aos profissionais de saúde, reconhecendo as suas condições de trabalho e incentivando um ambiente de trabalho saudável.

Em função dessa melhoria, disse, em 2018, o Ministério da Saúde criou o Gabinete de Ética e Humanização, “sendo este um o serviço que tem como objec- tivo promover e implementar o programa de humanização da assistência e de cuidados de saúde, bem como a boa gestão dos gabinetes de utente do Sistema Nacional de Saúde”.

O responsável fez saber que, até ao momento, foram criados 165 Gabinetes do Utente e serviços equiparados nas unidades sanitárias e institutos das 18 províncias e nos três níveis de atenção em saúde.

Formação de mais profissionais de saúde

O número de profissionais do Serviço Nacional de Saúde aumentou nos três níveis de assistência, porque houve um incremento de 40,5 por cento do total da força de trabalho do sector.

Segundo Leonardo Inocêncio, o Serviço Nacional de Saúde conta, actualmente, com 101.280 funcionários, entre médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, apoio hospitalar, regime geral e trabalho social, sendo que 80 por cento dos quais estão colocados nos cuidados primários de assistência a nível dos municípios.

Relativamente à formação e à qualificação da força de trabalho, disse, está a ser implementado um plano ambicioso de formação especializada, que pretende formar, até 2030, um total de 38 mil profissionais em todas as carreiras do sector, fruto de um empréstimo de 200 milhões de dólares do Banco Mundial.

Este projecto, acrescentou, está alinhado ao processo de admissão de quadros para aumentar a capacidade resolutiva nos três níveis de atenção sanitária, com foco particular nos cuidados de saúde primários, visando, a médio prazo, a criação de equipas de médicos de família para garantir cuidados de saúde holísticos.

No grupo dos 38 mil profissionais, esclareceu, inclui-se a formação de três mil médicos, nove mil enfermeiros, nove mil técnicos de enfermagem, quatro mil funcionários do regime geral, nove mil técnicos de diagnóstico e terapêutica e quatro mil técnicos para apoio hospitalar.

De acordo com o governante, 80 por cento desta formação está a ser realizada no país, e apenas 20 por cento será feita no exterior, onde cerca de três mil médicos já fazem especialização em diversas áreas do sector.

Executivo vai capacitar jornalistas em matéria de saúde

O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social vai realizar, em breve, uma série de seminários para capacitar os jornalistas em questões de educação para saúde, anunciou, ontem, em Luan- da, o secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas.

O governante, que falava na Sessão Temática número 22, que abordou o tema “Infra-estruturas da Saúde Pública em Angola”, no quadro do programa “Comunicar por Angola”, disse que neste momento os Ministérios da Saúde, Educação e o MINTTICS já têm uma equipa a trabalhar no processo para a formação de jornalistas e influenciadores digitais.

A acção, referiu, surge no quadro do processo de humanização e da necessidade do reforço de especialistas para uma comuni- cação clara e coesa.

“Estamos conscientes de que temos ainda um caminho para trilhar, do ponto de vista do capital humano, sobretudo da humanização, que não é uma tarefa apenas governativa”, disse Nuno Caldas, para quem é importante reforçar a questão da comunicação, desde a interna ao atendimento ao paciente.

O governante avançou que o seminário faz parte do contributo que o sector da Comunicação Social tem dado à educação sobre saúde e às orientações dos órgãos de médias públicos na necessidade de se introduzir mais programas que abordem o assunto em questão.

“Além da questão do lançamento do portal de saúde pública, vamos reforçar outros sectores como o ambiente, cultura e desporto, nas rádios e televisões”, avançou o secretário de Estado.

Nuno Caldas salientou que se abrem boas perspectivas agora na relação entre os sectores da Saúde e Comunicação Social. “Estamos a trabalhar para que em cada redacção haja um jornalista especializado, para interpretar melhor a informação a nível da saúde”, garantiu.

 

Fonte: JA

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