Já se observa, nos eventos gospel, “uma certa” qualidade no som e na cenografia, mas a sua divulgação carece de mais investimento e de pessoal qualificado, segundo especialistas entrevistados pelo portal Arautos da Fé.
O “grande” desafio, está em mudar a mentalidade, quer dos músicos – que têm dificuldades de pagar pela qualidade – quer do público que “em geral” não paga pela qualidade, de acordo com Callis Bosas, designer, ilustrador e músico gospel.
Muitas vezes, explica o profissional, preferem escolher um primo ou um sobrinho que executa o trabalho gratuitamente, do que contratar um profissional. Por isso, aponta, é que aparecem “muitos” panfletos mal feitos, mal preparados, mal enquadrados, com qualquer tipo de fotografia e qualquer de conteúdo.
“E muitas vezes os textos não são filtrados, os temas para os tais eventos não são bem elaborados.”
Para o especialista, isso reflecte falta de planificação e contribui para a redução da qualidade. Conta que alguns clientes são capazes de solicitar mais de três alterações num determinado trabalho, num espaço de uma semana.
“Eles têm uma ideia, você começa a executar, depois dizem que mudaram. Quando mudam, você tem que reabrir o projecto, começar a implementar aqueles elementos, depois enviam mais um outro texto dizendo que mudaram o tema ou o cantor principal ou o local. Essas coisas acabam por interferir e colocar em causa a própria qualidade do material.”
Numa escala de 1 a 100%, o designer e organizador de eventos, Victoriano “Walter” Espelho, atribui 65% ao trabalho de divulgação, actualmente feito por músicos e organizadores de eventos e observa, que hoje, são mais usadas as redes sociais para a divulgação, começando a ficar ultrapassada a “forma tradicional”, colar panfletos nas ruas.
O designer, destaca “certa” qualidade no som e na cenografia, o que para ele demonstra o engajamento para melhorar.
“Comparando com os eventos seculares, o mundo gospel já está a chegar lá”, refere e aponta o interesse dos medias seculares, como indicador.
Destaca também o interesse de pessoas que “não vão a igreja”, por alguns eventos de música gospel.
Para que se ultrapasse a fasquia dos 65%, Walter, afirma ser necessário “muito” investimento. “Até aqui poucos (músicos e organizadores) recebem patrocínio. Sacrificam os seus bolsos e de pessoas próximas”, nota e lamenta que muitos organizadores, depois dos eventos têm muita dívidas para pagar.
Profissionalizar e criar credibilidade
Walter Espelho, reconhece que o mercado “ainda” não é rentável como se deseja. Mas, alerta para a necessidade de profissionalização para se criar credibilidade diante os patrocinadores.
“Para todo e qualquer investimento, a pessoa antes deve investigar, deve estudar, se profissionalizar. A realização de eventos é um investimento muito sério, deve ter no meio pessoas profissionais. Com pessoas amadoras, a coisa não vai avante.”
Na mesma senda, Callis Bosas, aconselha músicos e organizadores de eventos a planificarem e a procurarem por especialistas. “E não esquecerem de orar. Muitos acabam por ter uma ideia, não oram e simplesmente querem divulgar. As vezes, dá no que dá.”
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