Nome: Bernardo Chissende
Nome artístico: Bern Chissende, nome com registo (IPI).
Sobre a minha idade, o que posso dizer é que já lá vão 3 décadas e alguns anos desfrutando com gratidão a vida que Deus me dá.
Nasceu em Luanda.
Os meus gostos são Arte, Desporto, Tecnologia, Línguas e Literatura.
Estado Civil: Casado.
Com quantos anos começou a dar os primeiros passos na música?
Comecei a dar os primeiros passos na música desde que me conheço como ser. Como disse na minha entrevista para o Canal A da Rádio Nacional de Angola, no Programa “Boa Noite Angola”: “tenho uma certa dificuldade em dizer como eu escolhi a arte (música), porque sinto que ela escolheu-me a mim, eventualmente porque nasci num meio de apreciadores de cultura”.
Que gênero musical cantas?
Minha base musical começa com a black music e o canto coral, sendo que desde cedo fui regente de coros, mesmo na minha infância, lembra-me estar a reger em muitos cultos, festivais e eventos um coro de mais de duas dezenas de crianças, com vozes bem harmonizadas. Portanto, desde cedo que estou ligado à música black e ao canto coral, no entanto minha paixão musical, permite-me enxergar o mundo artístico como uma criança, pois, para mim, tal qual para uma criança, a arte é um mundo inteiro por descobrir, um artista está sempre com aquela paixão nos olhos e no coração do primeiro dia, da primeira nota, da primeira letra, do primeiro arranjo, a primeira produção, a primeira performance em fim, esta ilusão nunca se apaga e por isso, o artista está sempre buscando por mais, quer desafiar seus limites, quebrar suas fronteiras e abraçar o novo; assim sou eu, intensa e incessantemente buscando por expandir os meus horizontes musicais, já produzi variadíssimos estilos musicais e já compus igualmente diferenciados gêneros, neste preciso momento fico completamente extasiado quando penso na forma como tudo está a ser preparado para brindar o público com novas abordagens musicais, estou preparando nos meus próximos projectos musicais novos conceitos, novas possibilidades de expressão artística, onde a textura, as cores dos ritmos, sons e das línguas africanas fazem um casamento interessante com sonoridades de outras regiões do mundo, dando a possibilidade ao público de se conectar de uma maneira única e enriquecedora, através da mensagem da fé, da paz do amor e da vida. Conclusivamente, estou sempre aprendendo, me conectando com diferentes abordagens e possibilidades musicais e buscando por mais.
Quais os músicos que o inspiram a cantar e porquê?
Minha maior inspiração é a pessoa de Jesus, apesar de ser pecador e falho, eu sei que tenho nEle o maior modelo, portanto, quando vou fazer uma música, quando vou dar uma aula, quando vou criar um projecto, um conceito, quando vou servir os outros procuro encarnar as virtudes de Jesus. Musicalmente falando eu sou a minha maior inspiração, a minha mentalidade, competências e qualidades que desenvolvi ao longo dos anos e acima de tudo a graça de Deus em mim, permitem-me ser um diferencial e tornam-me um ser humano único e irrepetível e isso não são apenas palavras minhas, sendo assim, tenho mais que mil razões para me orgulhar do precioso dom que Deus colocou em mim. Não me tomem por egoísta, esta é a minha verdade, não obstante, eu tenho certamente as minhas referências, são referências para mim, porque na sua maioria, além de cantores são também produtores, directores musicais, letristas, compositores e são artistas com uma mente muito criativa, cito-os quer seja pelas belas composições, arranjos diferenciados e por serem artistas com uma musicalidade única e atemporal e que marcaram e continuam marcando gerações, são eles: Dodó Miranda, Totó ST, Afrotraction, Makoma, Kirk Franklin, Commissioned, Brian McKnight, Baby Face, Boys II Men, J Moss, Aretha Franklin, Whitney Houston, Musiq Soulchild, Michael Jackson, Angospel entre outros gênios cujos nomes não cabem em uma entrevista de jornal ou revista.
Já é agenciado por uma produtora e porque escolheu a mesma?
Após ser agenciado pela Templo Entertainment, editora pela qual venci prêmios e prestígio nacional e internacional, com a gravação do álbum da Igreja para a Rua, em Joanesburgo – África do Sul em 2015; após esta etapa decidi trabalhar como artista independente, nesta nova fase da minha carreira, possuo uma equipa multidisciplinar, dentre os quais, destaco o meu manager, Daniel Chicunga que cuida da administração e da parte executiva da minha carreira, estamos projectando para 2025 uma nova estratégia que visa a reformulação da nossa produtora para agregarmos valor ao gospel angolano e à cultura angolana em geral.
Músicas gravadas quantas e seus títulos?
Até à data presente, tenho mais de uma dezena de trabalhos gravados, entre projectos particulares (singles), colectivos (álbuns) e trabalhos que prestei para instituições internacionais (hinos, comerciais, etc), dentre as quais destaco “Brilho da Liberdade”, “Yahweh”, “Intimidade Contigo”, “Celebração Amorosa”, “Efendelo”, “Baluarte”.
Como gostaria que o gospel fosse visto em Angola?
A música gospel em Angola ainda não atingiu os patamares que merece alcançar, mas devemos reconhecer que não está na mesma posição que há uma década, por exemplo. Reconheço e manifesto isso com satisfação, pois, fizemos progressos, projectos como o Angospel, do qual fui integrante e outros artistas como Irmã Sofia, Bambila, Dodó Miranda, Gui Destino, Saron, Alaridos, Lioth Cassoma, Nádia Mayembe e muitos outros, cada um a seu estilo e conceito, no entanto, foram todos fundamentais para a criação de uma nova percepção de Gospel, proporcionando através do rigor profissional e da qualidade dos trabalhos apresentados um novo destaque da música Gospel na sociedade angolana, projectando-o de Angola para o mundo, tornando-o internacional, e isto deve constituir-se num factor de júbilo para todos nós. No entanto, devemos ser honestos em reconhecer que há ainda muito por se fazer, tem de chegar o tempo em que falamos da música Gospel pensando em indústria criativa, ou seja, associar a música a outros sectores chaves para o seu desenvolvimento, com enfoque num melhor aproveitamento das tecnologias de informação e comunicação (tic) para a projecção de artistas e suas obras. Temos um desafio muito grande no que toca à protecção dos direitos autorais e conexos em Angola, os artistas não ganham justamente os royalties advindos das distribuições de suas obras nas plataformas de streaming, na televisão, na rádio, concertos e nos espaços públicos, ou seja, não existe uma cultura jurídica nessa matéria, o que penaliza os criadores de música, que em condições normais estariam a viver e a usufruir das suas próprias criações. Temos algumas empresas a fazerem serviços de cobertura de eventos com um profissionalismo excepcional, e isso contribui para a melhoria da qualidade e internacionalização da música Gospel de Angola, no entanto, é necessário que existam mais agentes produtores de eventos de alto nível, pois, a competitividade aumenta inequivocamente a busca constante por mais qualidade. Precisamos que existam empresários comprometidos com o Evangelho para que mais artistas e mais projectos Gospel sejam desenvolvidos com rigor e profissionalismo, pois, o Gospel não se limita a letras e meras canções que falam sobre Deus, o Gospel tem o seu papel fundamental na construção da humanidade, na pacificação da nação, na harmonia social, na transmissão de valores éticos, morais e na transformação das pessoas e nesse sentido, penso que a música Gospel não tem recebido o apoio merecido de quem de direito, quando na verdade é por meio deste que se pode contribuir na edificação de uma sociedade mais plural, justa e trabalhar em prol de uma geração melhor. O Evangelho sempre fez parte da história de Angola, há um trabalho exaustivo que se leva a cabo em prol da nossa nação e ao meu pensar estes homens e mulheres, crianças e jovens que labutam cabalmente pelo Reino devem seguramente merecer uma maior atenção, cuidado e a devida consideração. Isto não é segredo nenhum e digo-vos abertamente; muitas vezes o Evangelho foi responsável para se que males calamitosos fossem banidos e tempos adversos sobrepujados na história do nosso povo.
Qual é a tua visão para o Gospel em Angola?
A minha visão para o Gospel em Angola é tão grande que não cabe numa entrevista, no entanto procuro partilhar um pedacinho do meu pensamento a respeito; eu quero ver o Gospel num patamar de excelência, abrindo fronteiras para a internacionalização, uma maior valorização dos artistas, mais escolas de música, dança, teatro, produção e gestão de projectos culturais, mais educação em matérias de jurisprudência, história, cultura e sobre a Palavra, almejo ver festivais nacionais e internacionais do mais alto nível realizados em Angola, uma maior valorização dos ritmos, línguas e cores de África em geral e de Angola em particular, eu quero ver os direitos autorais salvaguardados, ver uma indústria musical a funcionar de facto, eu sonho que os artistas possam viver das suas obras, suas criações, eu sonho em ver toda uma geração de Angolanos inundados com a graça e o amor de Deus, uma geração de poder e ousadia que fará proezas pela palavra de Deus e que vai impactar Angola, África e o mundo com a sua voz, talento e ousadia, eu quero ver os meus filhos servindo a Deus com amor, sabedoria e com todo o seu vigor, e acima de tudo eu quero ver Angola salva e livre pelo poder de Deus, através da vida de seus filhos e filhas.
Qual é a palavra que lhe caracteriza com artista e profissional?
Muitas palavras podem expressar o que sou como artista e como profissional, inúmeras palavras podem traduzir aquilo que sou como pessoa, um dia como hoje, por exemplo, a palavra “resiliência” me podia definir, amanhã provavelmente seria a palavra “criatividade”, mas em outro dia talvés seria definido perfeitamente pela palavra “autenticidade”, pois, independentemente do tempo e das circunstâncias consigo manter-me altamente disciplinado, estou sempre buscando me reinventar, eu gosto muito de aprender todos os dias, estou sempre na busca da minha melhor versão como pessoa e como profissional, tendo Cristo como modelo e sei muito bem que não há, não houve e nunca haverá um ser humano igual a mim, por isso procuro viver a minha vida com total autenticidade, serviço, fé e humildade, sabendo que “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”.
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