Dezanove tumores foram descobertos, no sábado, durante as consultas de rastreio do cancro da pele em pessoas com albinismo, nos Hospitais Geral de Luanda e Josina Machel, de acordo com os dados divulgados, domingo, ao Jornal de Angola.
No Hospital Geral de Luanda, onde foram diagnosticados mais casos de carcinoma (tumores), 15 no total, o director clínico da unidade sanitária disse que atenderam 96 pessoas com albinismo, sendo 62 adultos e 34 crianças. Destes, continuou, as lesões mais preocupantes foram a xerose cutânea (com 30 casos registados), a queratose actinica e a elastose (ambas com 20).
Magalhães Sobrinho explicou ainda que as consultas foram realizadas das 7h00 às 14h00 e no final, como forma de protecção contra algumas destas doenças foram distribuídos protectores solares a todos, assim como alguns cremes para a pele.
Durante a actividade, realçou, houve uma palestra de sensibilização e marcações de consultas, incluindo para outras especialidades. “A actividade correu bem. Contamos com a presença e o apoio da Associação dos Albinos, do município de Belas na distribuição de cremes e de alguns laboratórios, na distribuição de protectores solares”.
Por sua vez, a directora clínica do Hospital Josina Machel, Verônica Lázaro, disse que registaram, no sábado, durante as consultas de campanha, quatro casos de tumores, cujos pacientes foram encaminhados ao hospital oncológico para o devido seguimento.
Nas consultas, informou, foram realizadas, também, sessões para o rastreio de lesões pré-cancerígenas nas 35 pessoas com albinismo atendidas, dos quais 19 do sexo feminino, 16 do masculino.
A patologia mais comum, realçou, foi a queratose, registadas em 31 pacientes, que vão ser seguidos no Hospital Josina Machel, pelo serviço de dermatologia. “A maior parte das pessoas consultadas disseram que usam protector solar.
O Hospital Municipal de Cacuaco atendeu, de acordo com a directora-geral da unidade sanitária, Anizeth Cutatela, 73 pessoas com albinismo. Além destes hospitais, a campanha de rastreio de cancro da pele foi feita, ainda, nos Hospitais dos Cajueiros, Zango 2, Kapalanga, Geral de Viana e no Centro da Terra Nova e Centro de Saúde da Samba, para saudar o Dia Internacional da Consciencialização sobre o Albinismo, a assinalar-se esta quinta-feira, dia 13.
Samba
A médica dermatologista Rosa Ramos Sambongue explicou que as consultas de rastreio do cancro da pele nas pessoas com albinismo serviu para identificar lesões pré-cancerígenas a nível da pele, para prevenção, tratamento e em casos mais graves transferência ao Instituto Oncológico para acompanhamento especializado.
“As pessoas com albinismo têm dificuldade em relação à protecção solar, assim como muitos não conseguem ter acompanhamento rigoroso em termos de assistência nos hospitais, ou o devido apoio medicamentoso. Por isso, foi realizada esta campanha, com o objectivo de ajudar e também sensibilizar sobre os cuidados a ter para prevenir de doenças oportunistas e identificar as lesões e possíveis cancros da pele”, esclareceu.
Durante a campanha, disse, foram atendidas 18 pessoas com albinismo, residentes na Samba. “Todos os anos realizamos a campanha de rastreio para pacientes com albinismo e pretendemos dar continuidade com a acção durante o mês de Junho”.
O Centro de Saúde da Samba realizou, sábado, a campanha de consulta e rastreio do cancro da pele e imunossuprimidos nas pessoas com albinismo, por ocasião do Dia Internacional da Consciencialização sobre o albinismo.
Desordem genética
O albinismo é uma desordem genética na qual ocorre um defeito na produção da melanina, pigmento que dá cor à pele, cabelos e olhos. A alteração genética leva, também, a modificações da estrutura e do funcionamento ocular, desencadeando problemas visuais.
Os sintomas variam de acordo com o tipo de mutação apresentada pelo paciente. A mutação determina a quantidade de melanina produzida, que pode ser totalmente ausente ou estar parcialmente presente.
É importante destacar que os sinais do albinismo vão além da cor da pele e dos cabelos. Em geral, todos os portadores do transtorno apresentam comprometimento da visão provocado pela falta de melanina, fundamental para o desenvolvimento dos olhos, e a anatomia dos nervos ópticos.
Não existe, actualmente, nenhum tratamento específico e efectivo, pois o albinismo é decorrente de uma mutação geneticamente determinada. As pessoas com albinismo devem iniciar o acompanhamento por profissionais de saúde assim que o problema for detectado. A terapia visual prevenirá problemas nos olhos e na visão, proporcionando o desenvolvimento necessário para as actividades escolares, de trabalho e de lazer.