Aos 20 de outubro de 1959, num dos templos da IECA na província do Huambo, acto celebrado pelo saudoso Pastor Adolfo, trocaram alianças como símbolo do amor que nutrem um pelo outro. Aos 20 de outubro de 2019, em Luanda, voltaram a Igreja (congregação de Vista Alegre) e diante do Reverendo Bernardo Pessela e da congregação, renovaram os votos de casamento.
O noivo, é Vasco Capindiça, nascido aos 10 de fevereiro de 1936 e a noiva Anita Chimuma, nascida aos 24 de março de 1942, ambos, da aldeia do Centro Dumbo, no Conselho de Bela Vista – hoje município de Catchiungo.
Fruto do amor que têm um pelo outro, nasceram 10 filhos, 36 netos, 26 bisnetos e trisneta.
Em entrevista ao portal Arautos da Fé, o casal partilhou os desafios e segredos de uma relação que venceu vários obstáculos e expressou a sua gratidão a Deus pelo privilégio de conhecerem até a quarta geração.
Anita Chimuma, que veio de uma família cristã, pai catequista e depois diácono da IECA até ao seu passamento físico, contou, que foi em casa dos pais que aprendeu a cuidar da família e por ser filha de dirigente da Igreja, a família era alargada. Pois, todas pessoas que iam ao centro fazer o trabalho da Igreja, se hospedavam em sua casa.
Quando se casou, não teve dificuldades para cuidar da nova família. Os parentes do marido, sempre foram tratados como membros da família e com a sogra, teve boa relação.
De acordo com a anciã, chegar aos 60 anos de casamento, não é fácil e nem todos conseguem. Mas é possível, quando “o homem tem bom comportamento e a mulher também”. Havendo “entendimento” entre o casal, “tudo fica bem leve”, sublinhou.
Cuidar da casa e da educação dos filhos, referiu, é mais dever da mulher. “O pai também manda e tem poder de repudiar quando os filhos estão a fazer uma coisa errada”.
Os casamentos hoje, apontou, não demoraram porque os “jovens actuais tipo que já nascem cansados”. Para Anita Chimuma, uma mulher pode reclamar do cansaço, descansar, mas “não pode” todos os dias ficar de relaxe ao ponto de não cozinhar e comer só pão.
Ela lembrou que cresceu a fazer trabalho nas lavras, mas também cuidava da casa.
Quem não dá não recebe
É a gratidão dos pais que dá sorte aos filhos, disse o ancião Vasco Capindiça, quando conversou com o portal Arautos da Fé sobre os desafios de cuidar da família.
Dou graças a Deus por ter conseguido cuidar da família e hoje, informou, os frutos estão a ser colhidos. “A residência em que estou a viver são eles que fizeram. Qualquer um deles tem o meu número de conta vai pôr lá sem eu dizer nada”.
O ancião, explicou que houveram dificuldades, mas com a esposa, sempre buscou formas de as superar. “Dificuldades não acabam num lar, mas temos que as superar”, frisou.
Vasco Capindiça que se casou aos 24 anos, na altura a esposa tinha 17, recordou que o Pastor não queria que se casassem porque eram muito jovens, mas como tudo estava preparado, casaram.
“No princípio foi um bocadinho difícil, mas tempos atrás a vida era barata”, reconheceu Capindiça, que teve de deixar a família em 1965, para integrar o exército português.
Anita Chimuma na altura já era mãe de 3 filhos e esperava pelo quarto. Teve de cuidar da casa sozinha, pois o esposo só regressou 4 anos depois.
Apesar do contexto económico da altura ser muito diferente do actual, Vasco Capindiça, contou que nem sempre o “vencimento” chegava para cuidar da família. “Confiava no salário baixo, mas quando o português deixou o país, tive que inclinar-me na agricultura”, revelou.
Segundo o ancião, o segredo para um casamento longevo, é a mulher saber o que o esposo tem.
“Essa coisa de esconder o vencimento, você ganha mais e apresenta pouco a mulher, tem causado desavenças e depois causa divórcio”, exortou.