Autoridades sanitárias lançam alerta para as doenças mentais

Os serviços de Saúde Mental e Abuso de Substâncias contam com mais de 300 técnicos para dar resposta a situações de transtornos mentais em Luanda, afirmou, ontem, o coordenador provincial do programa.

Sebastião André explicou que entre os técnicos, destacam-se psiquiatras, psicólogos clínicos e da saúde, defectólogos e assistentes sociais distribuídos nos nove municípios da província. “Os especialistas estão colocados nos hospitais gerais, municipais e centros de Saúde”, disse.
O coordenador provincial do programa, pertencente ao Departamento de Saúde Pública do Gabinete Provincial de Saúde de Luanda, avançou que têm realizado actividades de sensibilização para a prevenção de doenças mentais e a promoção da saúde mental, através de palestras nos mercados, igrejas e empresas públicas e privadas, de modo a reduzir o estigma.
Actualmente, acrescentou, têm realizado campanhas de rastreio para o diagnóstico de transtornos de neurodesenvolvimento em crianças e adolescentes, nas escolas e creches.
Estatística
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que até 2019, cerca de 970 milhões de pessoas em todo o mundo foram diagnosticadas com transtorno mental, com destaque para a ansiedade e depressão.
A província de Luanda registou, no primeiro semestre deste ano, 10.417 casos de transtornos mentais, com maior realce para os transtornos neuróticos secundários, estresse, ansiedade, depressão, entre outras ocorrências que afectam maioritariamente cidadãos entre os 10 e 49 anos.
As mulheres, realçou, lideram as estatísticas com 7.368 casos. “De Janeiro a Junho deste ano, foram realizadas 8.073 actividades de prevenção”, avançou.
Sebastião André informou que neste período, o programa de Saúde Mental acompanha 41 casos de abuso físico contra a criança com idades entre os 10 e 14 anos, dos quais, 36 do sexo feminino.
O especialista apelou à sociedade em geral a realizar consultas de forma periódicas para a prevenção dos transtornos mentais.
Cabinda
Dezasseis mil setecentos e quatro casos de transtornos mentais, com realce para a depressão, transtorno afectivo bipolar, esquizofrenia, demência, deficiência intelectual, foram registados, nos últimos cincos anos, na província de Cabinda.
O chefe de Departamento de Saúde Pública, Gabriel Nionse, que falava por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado a 10 de Outubro, avançou que os transtornos mentais causados pelo consumo excessivo de álcool e drogas lideram a lista de casos com o registo de 1.305 ocorrências anotadas e os de esquizofrenia com 1.124.
Gabriel Nionse disse que os transtornos de personalidade e comportamento são os casos com menor registo de ocorrências em Cabinda. “Portanto, os factores económicos, sociais, ambientais e emocionais, bem como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e drogas, contribuem para o aumento de casos de transtornos mentais”, explicou.
O aumento do número de casos de transtornos mentais preocupa as autoridades sanitárias locais, sobretudo, devido ao facto de a província não dispor de um hospital psiquiátrico e especialistas para dar resposta à demanda.
De acordo com o responsável, apesar de existir na província vários psicólogos clínicos a fazerem cobertura médica aos pacientes com transtornos mentais, há situações em que a presença de um médico especialista em psiquiatria se torna indispensável e obrigatória.
O Dia Mundial da Saúde Mental, concluiu, traz uma reflexão e um alerta sobre a atitude de olharmos para a condição da nossa mente.
A data foi instituída, em 1992, pela Federação Mundial da Saúde Mental.
Cuando Cubango
Diariamente, entre 15 e 20 pacientes com diferentes perturbações mentais, são atendidos nas distintas unidades sanitárias do Cuando Cubango informou, ontem, o supervisor provincial do Programa de Saúde Mental.
Em declarações ao Jornal de Angola, Faustudo Augusto, explicou que a província conta apenas com cinco psicólogos clínicos colocados no Hospital Geral do Cuando Cubango (HGCC), Maternidade Provincial, Centro de Medicina e Reabilitação Física, bem como no Hospital Municipal de Menongue, para atender os pacientes com transtornos mentais, com métodos primários de assistência e administração de calmantes.
Segundo o supervisor, a situação é bastante preocupante, tendo em conta que o aumento do número de dementes que deambulam pelas artérias da cidade de Menongue. “Urge a necessidade de uma intervenção urgente por parte das autoridades competentes”, disse.
Faustudo Augusto disse que o número de psicólogos clínicos a nível do Cuando Cubango, é irrisório para dar resposta à demanda de pacientes com transtornos mentais que ocorrem nas distintas unidades sanitárias da província.
Além do número insuficiente de psicólogos clínicos e a inexistência de psiquiatras, o Cuando Cubango necessita, com urgência, de uma unidade sanitária vocacionada ao tratamento de doenças psiquiátricas e de especialistas para o devido tratamento aos pacientes.
A falta de serviços especializados, disse, obriga os pacientes a deslocarem-se às províncias do Bié, Benguela, Huambo, Huíla e Luanda em busca de assistência médica e medicamentosa.
Casos de suicídio
De Janeiro a Outubro deste ano, foram registados na província, cerca de 15 casos de suicídios, destes 12 em homens e três em mulheres com idades compreendidas entre os 14 e 35 anos.
Os casos de suicídios registados, explicou, têm com principais causas a depressão, estresse pós-traumático, ansiedade, esquizofrenia, alterações psicotrópicas e neuróticas, motivados por diversas razões, como índice elevado de pobreza, desemprego, conflitos conjugais, pobreza, doenças.
Fonte: JA

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