Cerca de 20 dias são passados desde que arrancou oficialmente a campanha eleitoral na Associação dos Músicos Cristãos de Angola, que tem o seu termino previsto para o dia 1 de abril de 2021, portanto, dois dias antes da eleição do novo corpo directivo.
Apesar do pouco tempo decorrido, a disputa já reabriu feridas – talvez nunca cicatrizadas – no seio da classe que apesar dos apelos a favor da unidade, se vê cada vez mais desunida.
As redes sociais são o principal palco da disputa e onde os apoiantes dos três candidatos têm vindo a trocar farpas.
Exemplo disso é o que aconteceu há três dias, quando numa publicação, o músico Kark Sumba escreveu que “com Michelino Ngombo o gospel deixará de ser uma marca tribalista” e “deixará de ser uma máfia de produtoras para produtoras, e certamente livre de bajuladores.”
Comentando a publicação, o músico Kelson Pro HD – que há alguns tempo anunciou ruptura com a música gospel – acusou Kark Sumba e o seu candidato de estarem a promover falsas promessas, ao mesmo tempo que aproveitou declarar na publicação do colega, seu voto para o candidato Guy Destino. Noutro comentário, na mesma publicação, Kelson apontou os irmãos Michelino Ngombo e Rui Last Man como integrantes do grupo de pessoas que o fez desistir da música gospel.
Em resposta, Rui Last Man pediu a Kelson Pro HD a assumir seus actos e afirmou que o músico abandonou o gospel porque quis. “O que aconteceu no Zango, se guardaste rancor, o problema é teu, eu no entanto fui ter contigo e me desculpei pelo incidente e neste processo não reconheces as tuas falhas”, observou.
Numa “carta aberta”, publicada no Facebook, Manuel Fiel – nº 1 da produtora Monumental Gospel, apoiante de Guy Destino, denunciou a existência de perseguições, difamações, calunias e outras práticas menos boas na campanha.
Visitando, as redes sociais, contas dos apoiantes dos três candidatos, não há margem para duvidas sobre o que está a acontecer.
Já que as feridas “gospel” estão novamente abertas, bom seria aproveitar a oportunidade para espreme-las até que fiquem livres das últimas gostas de pus e só depois colocar nelas o santo remédio.
Não haverá unidade, nem desenvolvimento se o conflito agora patente não for bem resolvido. Olhar para o lado e tentar seguir em frente é uma forma de tornar o conflito ainda maior. Devem os candidatos ter ciência disso, bem como a Comissão Eleitoral.
Apesar de todo o que se pode dizer sobre o processo eleitoral, erros e acertos, ainda há tempo e oportunidade para transformar o 3 de abril numa assembleia de confissão e reconciliação da classe artística gospel. Sem confissão e sem perdão real, a associação ficará 40 anos no mesmo lugar.