Aconteceu no último sábado (03.08), a Conferência sobre Música Gospel (CMG), no auditório Cónego Manuel das Neves, em Luanda.
O certame que reuniu artistas, produtores, realizadores de eventos e pessoas ligadas a música gospel para reflectir o estado da mesma, contou com quatro dos cinco prelectores convidados. Ausência notada, foi a do empresário Ambrósio Lemos que, segundo o programa, falaria da “Sustentabilidade das produtoras”.
Fazendo uma incursão histórica sobre os primórdios da música cristã, Francisco Gonçalves “Charro” – coordenador do Praiseart, disse que está associado a chegada do cristianismo no país, mas que a introdução de instrumentos musicais nas igrejas, aconteceu com entrada dos “vizinhos” congoleses em Angola.
Os escritos, referiu, dizem que “os nossos irmãos congoleses” trouxeram a instrumentalização na música, fazendo surgir “o grande movimento musical gospel em Angola”, na década de 80.
A década de 90, é o período em que começaram a sair das igrejas “pequenos grupos” e cantores “já instrumentalizados” e início das tardes recreativas, lembrou. O ano 2013, considerou, foi o ano do “crescimento exponencial do movimento musical gospel”.
Hoje, disse, com os novos estilos musicais e a profissionalização do músico, há uma “tendência” de se desvirtuar a “verdadeira adoração”.
“Quando nós crescemos no entendimento da ciência musical, diminuímos a adoração. Pois cantamos tudo menos gospel”, afirmou.
“A essência da melodia”
Ao abordar o tema, o músico e produtor David Estevão, recorreu ao livro de Salmos 24:1 para dizer que a “constância e a estabilidade em fazer alguma coisa”, dependem de uma disciplina rigorosa.
Reprovou a visão “actual” de alguns artistas que valorizam mais aspectos artísticos que espirituais. Para ajudar os presentes a compreenderem a sua fala, apresentou o exemplo de uma pessoa que faz exercícios físicos apenas com uma mão e acaba ficando defeituosa.
“O músico tem de ter sensibilidade espiritual e domínio da arte”, referiu e reforçou com o Salmo 47 que diz: “Cantai louvor com inteligência…”
“Essa palavra está no modo imperativo e quando falamos da inteligência, estamos a ver indirectamente a formação”.
Ainda na sua prelecção, David Estevão disse ser necessário que o músico ame as pessoas a quem deseja impactar com o seu trabalho.
O pastor Maiomona Afonso, que dissertou o tema “O meu outro eu”, disse aos músicos que independentemente de quaisquer responsabilidades que possam ter na Igreja, devem se lembrar que são antes, filhos de Deus.
“As vezes levantam-se questões: como músicos nós temos que ser assim.., como pastores temos que ser assim…, temos de perceber que como filhos de Deus, existe uma conduta, uma postura, um comportamento que se espera de nós.”
Falando de alguns problemas do meio gospel, apontou para inveja, que segundo disse, atingiu proporção alarmantes. Enquanto pastor,frisou, as vezes vai para alguns concertos de música gospel e percebe a dificuldade de alguns músicos celebrarem o sucesso dos outros.
“Não só inveja e todas as outras obras da carne, fornicação por exemplo. Nós temos irmãos que estão na disciplina em suas Igrejas por causa de tais coisas” e porque, tais pessoas quando são convidadas, o convite não passa pelo seu líder, as vezes, “trazemos para o púlpito” pessoas que estão sob disciplina nas suas Igrejas.
Ninguém se engane, Deus conhece o nosso coração, alertou o pastor e apelou os músicos a orarem uns pelos outros.
Chamada a falar da “Psicologia do desenvolvimento”, Fátima Doceta, apresentou várias fazes do desenvolvimento comportamental humano e afirmou que as dificuldades nos relacionamentos entre as pessoas, se deve a falta de compreensão entre elas.
O comportamento de um adulto, reflecte a infância que teve, explicou a psicóloga que referiu ainda, que já na adolescência é possível notar sinais que indicam o seu estágio de desenvolvimento.
Por sermos cristãos, apelou, é necessário que desenvolvamos comportamentos positivos, apelou.
Pelo poder que a música lhes confere de influenciar grupos de pessoas, os músicos, disse devem ter comportamento digno.