O mercado da música gospel deve ser o que mais cresce, pelo menos em termos numéricos, e com ele crescem também as dificuldades dos artistas que são justificadas por diversos factores.
Vários são os profissionais, que por via do portal Arautos da Fé, têm emitido as suas opiniões e feito juízos sobre este mercado, com vista a torna-lo melhor para os seus actores.
Adalberto Bernardo Almiro Culanda, autor da frase que dá titulo a este artigo, disse em recente entrevista à este portal, que por falta de uma estratégia “bem montada”, o movimento gospel enfenta várias dificuldades.
O músico e compositor que falou ao portal Arautos da Fé, a margem de um Workshop sobre “O posicionamento da voz em estúdio e ao vivo”, realizado pela Nakenis 8.0 e produzido pela Sandjuka na Mediateca de Luanda, defendeu que a música gospel tem de tocar além dos canais ou programas gospel, sob pena de não atingir as pessoas que “ainda” não querem saber do Evangelho.
“É necessário sair um bocadinho, porque quando estamos na nossa casa, ligamos a televisão, vimos novelas de coisas que nós até nem professamos. E se nós não aprendemos porque temos alguma maturidade, os nossos filhos vão sendo influenciados. Então, significa que nós também podemos influenciar nesses mesmos canais.”
Jeff Brown, esclareceu na ocasião, uma “das confusões” do meio gospel, afirmando que o louvor é para Deus mas a música gospel é evangelizar as pessoas. “Deus não precisa ser evangelizado”.
“A Palavra de Deus é para nós homens ouvirmos, então gospel é para sair da igreja para as pessoas. Essa é a grande diferença”, explicou, acrescentando, que por falta desse conhecimento, as pessoas fazem gospel e dizem que é para Deus, quando, a verdade, é que o louvor e a adoração é que são para Ele. “Quem tem de ser evangelizado são os homens.”
Para o músico, as pessoas que por si mesmas vão à igreja, “têm menos cargas” do que as que “nem sequer” querem ir, o que justifica a necessidade dos músicos saírem ao seu encontro. “Se calhar o gospel perde um pouco por isso, porque se eu for cantar num espectáculo que não tem nada haver, os irmãos vão atirar pedras. Mas é necessário irmos atrás dessas pessoas. Jesus não ficava na Sinagoga. Desde criança foi apresentado numa Sinagoga, mas teve que andar. Jesus entendeu que quem precisava ser perdoado é o pecador, quem precisava ser evangelizado é o pecador.”
Qualidade da música gospel feita em Angola
Jeff Brown, que já leva mais de duas décadas como músico secular, revelou na entrevista que tem acompanhado de perto o movimento gospel e referiu que a qualidade “não pode” ser medida a margem do estado actual da sociedade que, apontou, tem défice de muita coisa.
Destacou a existência de mais rádios, igrejas e outros lugares que dedicam espaço ao gospel, o que ainda, considerou, é insuficiente. Para o músico, o envolvimento dos líderes de igrejas é necessário na preparação dos músicos, criação de condições favoráveis ao execício do seu trabalho dentro da igreja.
Sustentabilidade
A rentabilidade do trabalho dos músicos gospel é outro assunto que tem animado vários debates e segundo Jeff, não é um “problema” exclusivo dos meio gospel.
“Existem músicos seculares que são rentáveis e outros não. Existem músicos gospel que são rentáveis e outros não”, assegurou.
De acordo com o músico, alguns preconceitos criados no meio cristão, obstaculizam a vida dos músicos.
“A partir de que momento é que um agente gospel trata a música gospel como uma coisa que pode ser rentável?, questionou, respondendo depois, que uma coisa rentável não significa que não preste.
“Dá impressão que o cristão tem raiva do dinheiro, o cristão tem raiva da rentabilidade do justo. Se por exemplo, me disseres vem cantar aqui, eu te disser está bem, eu e a minha banda custamos X, vão logo dizer aquele irmão é falso. Mas esse mesmo cristão é capaz de pagar para ir ver um show de outro cantor (secular).”
Carreira gospel
Com várias músicas gospel no mercado, Jeff Brown, relegou para o futuro a resposta sobre uma eventual aposta numa carreira gospel.
“O futuro a Deus pertence”, lembrou e reiterou que não pode falar “tipo” Deus, sobre o amanhã. “Posso influenciar alguma coisa mas não ser aquela pessoa que estão a espera, conforme no secular, fui um cantor famoso, também vou ser. A ideia não é essa. Vou gravando, vou fazendo aquilo que me vem do coração, mas Deus sabe o que faz.”
Cada um é levantado na hora certa, realçou e lamentou que “normalmente”, quando uma pessoa tem uma visão diferente, “muitas pessoas” dizem isso “se calhar” não é de Deus.
“É claro, temos que estar atentos e vigilantes, mas cada um é levantado na sua altura.”
Certeza, o músico tem em relação a sua disponibilidade para compartilhar os seus conhecimentos com quem estiver interessado.
“Passei muito tempo a fazer uma coisa, fui conhecido, agora vou ensinar. E quem aprendeu hoje, amanhã vai fazer uma coisa muito superior ao que eu já fiz. Acho que é a lógica da vida”.
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