Os bispos da conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) estão reunidos, desde ontem, em Luanda, na sua I Assembleia Ordinária.
Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) manifestaram-se preocupados com os índices de violência doméstica contra a mulher que têm sido registados nos últimos dias no país, com destaque para aqueles que terminam em tragédia.
O seu presidente, Dom Filomeno Vieira Dias, durante abertura do conferência, disse ser inadmissível consentir qualquer forma de violência, tendo exortado à sociedade civil uma maior atenção, começando desde a infância na família e na igreja por via da denúncia de casos.
“As pessoas não devem agredir, é crime, mais grave ainda quando se tratar de uma mulher”, disse, tendo colocado um assento tónico ao dizer “basta a uma vida de sofrimento silencioso”! O também arcebispo metropolitano de Luanda encara como mote desta problemática social a falta de denúncia por parte das vítimas e da cumplicidade criminosa da sociedade, alimentada pela cultura do medo que se instalou ao nível do tecido social.
“As mulheres que sofrem não dizem nada por terem medo e vergonha. É preciso dizer basta e pôr termo à perda de vidas humanas, tem de haver princípio rigoroso da não-agressão”, rematou.
Os bispos aproveitaram o dia de ontem, 13, para assinalar mais um ano de pontificado do Papa Francisco, dada a sua representatividade enquanto factor de proximidade e afectividade. A decorrer durante oito dias, esta assembleia, que reúne os bispos de todas as dioceses, vai analisar, dentre outros assuntos, a vida interna da igreja e os grandes desafios, a importância do sacerdócio na evangelização do homem e renderá uma homenagem ao Cardeal Alexandre dos Nascimento.
Casos de violência contra a mulher
O caso mais recente caso de violência contra a mulher aconteceu nesta Terça-feira (12), no bairro Rocha Pinto, distrito urbano da Maianga, envolvendo um agente da Polícia Nacional que disparou mortalmente com arma de fogo contra uma vendedeira ambulante, vulgo “zungueira”.
Testemunhas contaram à imprensa ter havido excesso de zelo por parte do agente policial durante uma operação que visava pôr ordem na venda ambulante, no âmbito da “Operação Resgate”, lançada pelo Governo Central. Baleada no fim da tarde, a morte da mulher motivou a revolta dos populares que atiraram objectos contundentes contra os agentes da Polícia Nacional, em protestos violentos, situação que só foi controlada com a presença de unidades de elite da Polícia.
Um outro caso que chocou a sociedade foi a morte da jornalista da Rádio Nacional de Angola (RNA) Maria Goretty Semedo, 49 anos, morta há pouco mais de duas semanas supostamente pelo marido, por espancamento no interior da sua residência, no bairro Zango 4, em Viana. A informação foi avançada, na altura, por uma fonte familiar, que disse tê-la encontrado morta e estendida no chão do quintal da casa onde o casal residia.
Fonte: OPaís