A abordagem e busca de soluções para o desafio da liberdade religiosa e liberdade de culto, não se pode de maneira alguma limitar-se na aprovação de leis repressivas e de exclusão, preferenciais e discriminatórias contra pessoas ou grupos de cidadãos que no exercício do seu direito natural e constitucional são definidos como minorias religiosas perseguidas por um Estado e governo laico, afirmou o Pastor Elias Mateus Isaac, num artigo publicado no Cluk-k, em vespera da aprovação da lei sobre Liberdade de Religião, Crença e Culto em Angola.
A adopção destas leis, escreveu, fará de Angola um país intolerante e de justiça de tábua-rasa, igual á certo países que utilizam leis religiosas radicais e extremistas para impedir qualquer actividade missionária cristã, recorrendo á perseguição, força, violência e violações contra cristãos e missionários que são presos e torturados, e libertados apenas após a sua morte.
No artigo, o Pastor reconhece que “nem tudo andava ou anda bem” em muitas igrejas cristãs, “incluindo as igrejas milenares, centenárias ou tradicionais”.
“Existe muita delinquência religiosa, falsidade, oportunismo, extorsão, aproveitamento e enriquecimento fácil. Hoje o cristianismo transformou-se em uma máquina de compra e venda. Muitas “ditas” igrejas cristãs transformaram-se em supermercados, o evangelho e os milagres são os produtos de venda, os pastores e diáconos são os caixas e o povo a clientela que vem comprar. Estes desafios e problemas não existem só com as novas igrejas ou as chamadas neopentecostais.”
A verdade, segundo Elias Isaac, é que as chamadas milenares, centenárias e tradicionais também têm os seus problemas e erros muitos deles bem encobertos que também são nocivos à sociedade moderna e democrática.
A forma como funciona a “democracia” angolana sem pluralismo e sem alternância política e governativa, segundo o religioso, é a mesma forma como se pretende organizar e fazer funcionar a espiritualidade do povo impondo religiões e igrejas da preferência e protecção do Governo.
“Em Angola é mais fácil formar-se um partido político com cinco mil assinaturas mesmo que nunca ganhe as eleições do que constituir uma igreja, mosque ou templo que discriminatoriamente e de forma de exclusão explícita tem de apresentar cem mil assinaturas. É mais fácil ser político, membro ou militante de um partido político em Angola do que ser um cristão ou um religioso. O Governo criou facilidades para formação de partidos políticos e intencionalmente cria dificuldades para a expressão da liberdade religiosa e do culto, que é um direito natural.”