A Canonização da imoralidade!

Por: Amadeu Cassinda
Vivemos numa sociedade onde não somos ensinados a questionar, pois o nosso sistema de ensino é ainda caracterizado por docentes cujo estilo de liderança nas salas de aula é, assaz, autoritário. Pelo que os alunos são, implicitamente, forçados a receber tudo passivamente sem um olhar crítico, ou seja, sem o direito de questionar. É a pedagogia opressora!

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“A promoção da nudez chama-se, também, arte.”

Consequentemente, o papel do professor na sociedade da informação não se restringe apenas na turma. Hoje, este papel é compartilhado com os media.
E como os alunos das salas de aula são, igualmente, os públicos alvos da indústria cultural mediática, a deficiência da recepção passiva dos conteúdos permaneceu inalterada e tudo parece normal e verdade sob alegação de que vivemos em tempo moderno e, portanto, tudo é lícito e convém.
Tipo: o desrespeito às autoridades, às instituições do Estado e os governantes chama-se exercício da liberdade de expressão e de pensamento. Vestir-se de forma sexy para as mulheres tornou-se praxe e convencional quer nas instituições estatais, privadas e, até, nas igrejas onde obviamente deveria ser o alfobre da decência. As crianças compartilham os mesmos conteúdos mediáticos com os adultos e muitas são forçadas a imitar músicos e músicas que promovem a nudez, a promiscuidade e outras depravações.
Nesta abordagem vou focar-me na opressão com que a indústria cultural tem oprimido as mulheres que cada dia que passa parece tirá-las cada vez mais às suas roupas deixando-as literalmente nuas. Mas, infelizmente, este processo acontece com o consentimento delas através de um nome bonito: Moda. Não é lindo?
Até a década de 40 do século XX, só para ter uma idéia, as mulheres que usavam vestidos rectos e soltos – que não colavam ao corpo – em direcção ao joelho eram chamadas de “melindrosas” (indecentes) e quando dançavam se mostrassem os joelhos causavam escândalo, isto é, na Europa! Agora, aqui na nossa “nguimbi” a maioria das danças são tendencialmente voltadas para o sexo. Ex: do Cambua, Tarraxinha, etc. muitas mulheres não mostram apenas o joelho, mostram-se a si mesmas completamente quer na rua, quer na igreja, quer nos locais de serviço, nas escolas, em todos os locais a indecência tomou conta (a excepção quase que não se percebe).
Coitadas das moças que estão no interior do país a viver e vestir com pudor e modéstia, mas que por influência da teoria Espiral do Silêncio logo que chegam a Luanda desejam tirar as suas roupas decentes para vestir, entusiasticamente, o colant ou o famoso Tchuna!
A evolução dos media legitimou o conceito de indústria cultural entendido, segundo Magendorf, como o processo social de transformação da cultura em bem de consumo tendo como plano de fundo uma sociedade imersa no capitalismo avançado. Para Mauro Wolf, os produtos da indústria cultural desde o mais típico como o filme sonoro paralisam a imaginação e a espontaneidade pela sua própria constituição objectiva.
São feitos de tal modo que a sua adequada apreensão exige não só a prontidão de instinto, dotes de observação e competência específica, como também são feitos para impedir a actividade mental do espectador, se este não quiser perder os factos que lhe passam rapidamente pela frente. O espectador não deve agir pela própria cabeça, pois o produto prescreve todas as reacções.
Ainda neste seguimento Augusto Cury (2005, p.7) pensa que: apesar de a mulher ingressar para a era dos direitos humanos ela está longe de imaginar que tais direitos são mais violados (contra ela) que noutrora. Cury afirma ainda que “Os homens controlaram e feriram as mulheres em quase todas as sociedades.
Agora, eles produziram uma sociedade de consumo inumana, que usa o corpo da mulher, e não sua inteligência, para divulgar seus produtos e serviços, gerando um consumismo erótico. Esse sistema não tem por objectivo produzir pessoas resolvidas, saudáveis e felizes; a eles interessam as insatisfeitas consigo mesmas, pois quanto mais ansiosas, mais consumistas se tornam”.
Finalmente, foi a revolução sexual que canonizou a imoralidade sob olhar impávido e sereno das igrejas cristãs. Infelizmente os sacerdotes ou pregadores relegaram o seu direito de primogenitura ao comodismo mundano, desvanecendo-se em suas próprias doutrinas em detrimento da sã doutrina. Milhares de almas vestem-se indecentemente porque há um delinquente religioso no púlpito que tem medo de perder o seu prato de lentilha se condenar as vestes sensuais com que as ovelhas se apresentam, inocentemente. Misericórdia!
A revolução sexual iniciada em 1960 no mundo ocidental é caracterizada pela liberalização do sexo fora do casamento, evolução dos métodos contraceptivos, a nudez em público, a legalização do aborto, o advento da pornografia hard core, a independência financeira feminina, a afirmação da moda, etc.
Com efeito o “mundo assistiu uma perda significativa do poder do valores de uma moral enraizada na tradição cristã. A ascensão das sociedades permissivas começaram a aceitar uma maior liberdade e experimentação sexual que se espalharam por todo o mundo” (H. Moda). Então para quem vive e respira sob os ventos desta atmosfera depravada considera tudo normal e a promoção da nudez, da indecência e de toda sorte de imundície chama-se, também, arte e cultura num contexto pós-modernista, por assim dizer.

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