Não é novidade pra ninguém que a música gospel está a conquistar maior espaço na sociedade angolana.
De importância inquestionável, ela serve para manifestar a crença cristã, mas ao mesmo tempo, a sua relevância hoje, à torna numa importante manifestação cultural.
Tocada em grandes eventos, mobiliza grande parte da juventude, o que justifica maior apoio quer do Estado, como da classe empresarial e indispensavelmente dos líderes religiosos.
Sem apoios do Estado, diante da apatia dos empresários e, principalmente dos líderes religiosos, com a pouca cobertura dos média, os músicos hoje, lutam pela sua própria sobrevivência enquanto sonham com dias melhores.
Seu papel transformador
Para o Irmão Ngangu, os músicos gospel têm feito um trabalho de destaque para mudança de comportamentos na sociedade angolana. “Na evangelização que estamos a fazer através da música, as pessoas recebem a Palavra de Deus, e com certeza contribui para que haja uma certa mudança nas suas vidas.”
O Apóstolo Luís Júnior, considera que o louvor e a adoração são ferramentas que Deus deu ao homem, principalmente ao cristão para O adorar. Para este líder religioso, em momentos de dificuldades, louvar e adorar, pode gerar livramento. “A Bíblia fala e nós acreditamos, que Paulo e Silas estavam numa cadeia, em situação difícil, enquanto louvavam veio o livramento.”
Eu, acrescenta, acredito que o louvor é uma das ferramentas que Deus usa na vida do cristão para que ele possa superar dificuldades, para que possa superar obstáculos. “Angola precisa de uma adoração que eleve o nome de Jesus.”
Michó Moisés, músico gospel, não tem dúvidas, a música gospel já está a mudar o país. Para ele, o facto de ser ouvida em todos os lugares, é um sinal de que as pessoas já compreenderam a sua importância. “Até nas praças as mamãs ouvem música gospel, para elas é uma forma de orar… Estamos a falar na música, da Palavra de Deus, e a Palavra de Deus endireita e orienta.”
Quando há mudança segundo a Palavra de Deus, o país está abençoado. Considera o músico.
Desde o lançamento do seu single, que Lioth Cassoma recebe testemunhos do impacto que a sua música tem causado na vida de muitas pessoas. “Este é um dos impulsos que tenho no meu ministério para continuara servir ao Senhor.”
Dentre as várias experiências do seu ministério, Lioth, conta que foi cantar numa igreja e uma jovem estava “muito desesperada” a ponto de querer deixar de servir, “desistir de Deus”. Antes de ir à igreja, a jovem disse <se o Senhor não falar comigo, desistirei de tudo>. “Foi quando, pela primeira vez estive na igreja dela e cantei. Segundo ela (jovem), chorou muito porque sentiu muito forte a presença de Deus e viu o meu louvor como resposta de Deus na sua vida. Ela escreveu um bilhetinho para mim, fiquei emocionada por saber que naquele dia fui instrumento de Deus para vida de alguém.”
De muitos testemunhos que já recebeu, a cantora Tê Kuanzambi, lembra o de uma jovem que fazia dois anos de casada e “não dava luz”. “Fizemos a primeira oração na primeira edição do <“Obrigado Pai>, antes da segunda edição a menina teve um rapaz. Foi uma grande alegria, ela me disse: <mãe as tuas canções mudaram a minha vida>. Muitas pessoas estão a ser abençoadas neste ministério.”
Um testemunho de mudança é contado na primeira pessoa pelo evangelista Serafim Alfredo. “Acredito que se até hoje estou vivo, é porque Deus quer passar uma mensagem através de mim. Eu estava metido na bebedeira, na vigarice, hoje sou uma pessoa restaurada… Acabei de me formar em Gestão de liderança.”
Um trabalho sem retorno financeiro
A falta de apoios, influencia em parte a qualidade da música gospel e dos eventos a ela relacionados. Faltam escolas e pessoal qualificado para atender este segmento específico.
“Hoje pelo mundo, não é o músico que trata do espetáculo, mas sim empresas e nós estamos com está dificuldade porque há escassez de empresas, de patrocinadores. Há escassez de pessoas que apostam no gospel, por está razão há poucos concertos de qualidade. Um ou outro músico vai tentando, fazendo do seu jeito. Mesmo dentro da comunidade cristã há muito pouca gente interessada em apoiar o gospel.” Lamenta o músico Manuel Fiel.
Precisamos de patrocínios, e estes não estão fáceis, lamenta o músico Nelson Elias e afirma: o único apoio que os músicos recebem das igrejas “é o apoio moral”.
Outro desabafo vem de Michó Moisés. “Eu só posso dizer que tem músicos que são apoiados e outros que não são apoiados pela igreja. Tem líderes que entendem a importância da música na igreja, outros ainda não.”
A falta de apoio dos líderes das igrejas, é no entender de Manuel Fiel, um grande entrave ao desenvolvimento da música gospel. “Diga-se em abono da verdade, muitos líderes são os próprios empecilhos, a pedra de tropeço para o crescimento da música gospel. Infelizmente eles não entendem a dimensão da música gospel, pensam que a música gospel é mais para igreja, para os cultos.”
Confiança num futuro melhor
“Estamos num bom caminho, esperamos que os músicos possam receber alguma coisa, mas o amor que temos para fazer a obra é que deve ser mais importante.” diz o irmão Ngangu.
Apesar da crise que assola Angola, Manuel Fiel, espera por dias melhores para a música gospel. “Temos que ter fé, a fé é que nos move.” O também produtor, manifesta o desejo de ver a música gospel a crescer mais este ano, quer seja em número de CDs, espetáculos, formações, mais expansão, mais abertura na média, e espera que a comunicação social angolana perceba que a música está a crescer e tem de receber outro tratamento nas rádios, das televisões e nos jornais.
“Hoje nós em termos de música gospel, já não deixamos a desejar em relação a música secular. Apesar das dificuldades conseguimos impactar o país.” Garante.
Apesar das dificuldades, Nelson Elias, quero continuar a “abençoar o povo”. Apesar das dificuldades financeiras, quer fazer, em Maio, uma actividade de três dias de louvor e adoração, na Igreja Comunidade Evangélica, na Lunda Sul. “Levarei vários convidados de Luanda. Vou levar o irmão Cândido Kipaka, que é o Filho do mesmo Pai, grupo Triunfante e outros. Vamos adorar com aquele povo da Lunda, também vou autografar o meu primeiro álbum e se Deus permitir, ainda este ano, provavelmente no final, se os patrocinadores abrirem as mãos, teremos o segundo trabalho discográfico.
Artigos relacionados
-
Inspecção Geral da Saúde encerra Clínica Santa Marta
-
Anglicanos lançam alerta contra o abuso de menores
-
Ação policial deve ser considerada devido às falhas da Igreja da Inglaterra (CofE) em casos de abuso infantil, diz revisor.
-
A Igreja como coluna e baluarte da verdade
-
Igreja defende a criação de fazendas comunitárias