Estudo publicado em abril deste por pesquisadores da universidade de Brigham, nos Estados Unidos, buscou entender o que mantém grupos diferentes de pessoas ligados ao Facebook, e os principais tipos de usos que se faz da rede.
O trabalho, disponível no International Journal of Virtual Communities and Social Networking, encontrou quatro categorias de usuários:
1- Os construtores de relacionamentos
São aqueles que se utilizam do Facebook para manter relacionamentos que também existem no mundo não virtual, como amigos e família. Eles não encaram o Facebook como uma plataforma de comunicação aberta ao mundo inteiro, mas sim uma pequena rede de troca de informações entre pessoas que se conhecem.
Eles consideram a plataforma uma forma prática de manter contato com pessoas queridas, algo que demandaria muito mais tempo e esforço se fosse realizado com ligações por telefone ou encontros individuais.
“Para os construtores de relacionamento, socializar no Facebook é como socializar na vida real”, afirma o trabalho.
Para esse grupo, o Facebook é uma via de mão dupla: serve para oferecer informações sobre si mesmos para os amigos, de quem se espera por outro lado que respondam na mesma medida. Isso ocorre via posts de fotos e vídeos, marcações nesses posts, curtidas, confirmações em eventos e conversas via Messenger.
2- Os arautos (‘town criers’)
Esse grupo busca ocupar um papel comparável ao antigamente exercidos pelos arautos das cidades, que anunciavam informações de utilidade pública para seus concidadãos. “Eles não consideram as redes sociais como um meio de manter contato com família e amigos, mas sim como uma plataforma para transmitirem suas palavras e opiniões”.
Eles encaram o Facebook como uma via de mão única, onde expressam ideias para um público amplo e impessoal entre o qual buscam difundir notícias e histórias. Ele também é encarado como uma plataforma em que se pode obter informações desse tipo.
Interações com pessoas próximas ficam reservadas para outros meios, como ligações ou encontros pessoais. Um dos entrevistados afirmou “eu não falo com minha família no Facebook. Eles são mais importantes do que isso”.
Os arautos encaram o Facebook como um mundo social pouco realista, e o usam com parcimônia e desconfiança.
3- Os ‘selfies’
São aqueles que buscam autossatisfação e autogratificação. Eles são narcisistas, gostam de atenção e buscam ser validados pela sua rede de contatos. Isso ocorre em grande medida na forma de curtidas, que “aumentam a confiança e impulsionam seu humor”, afirma o trabalho.
Apesar de servir como forma de interação social, o Facebook é encarado em primeiro lugar como uma ferramenta em que podem propagandear suas próprias vidas. Eles não postam fotos na expectativa de que os outros façam o mesmo para informá-los sobre as vidas deles, mas para obter satisfação com as visualizações e comentários dessas pessoas. “Selfies gostam de mostrar às pessoas como estão se divertindo”, diz o trabalho.
Um dos entrevistados afirmou: “tirar uma foto e deixar ela parada no meu telefone não serve para nada, mas assim que eu posto algo no Facebook isso mostra que eu fiz alguma coisa”. Muitos selecionam e editam suas fotos à perfeição.
4- Os observadores anônimos (‘window-shoppers’)
Esse é o menor grupo identificado pela pesquisa. São aqueles que se sentem obrigados a ter um perfil no Facebook para se manterem conectados com família e amigos, já que essa é a rede social hegemônica. Mas eles raramente postam qualquer informação.
Os observadores anônimos não possuem praticamente nenhum dado pessoal em suas páginas do Facebook e nunca postam fotos ou pensamentos textuais. Os observadores anônimos acreditam que a rede social é aberta demais e não desejam imergir nela em excesso.
Apesar disso, não veem problemas em observar as interações da rede ou, em outras palavras, “stalkear” seus contatos. Um dos entrevistados afirmou: “eu amo stalkear. Se alguém menciona o nome de uma outra pessoa, eu entro no Facebook para ter uma primeira ideia de quem ela é”.
Fonte: Nexojornal