Músico e compositor evangélico, Elias Miguel é um jovem humilde, que nasceu num berço cristão, nas Ingombotas, em Luanda.
Cedo despertou o interesse pela música gospel. Em entrevista ao portal Arautos da Fé, contou a sua trajetória e mostrou a visão que tem do mercado da música gospel angolana.
O músico cresceu na Igreja Missão Evangélica Pentecostal em Angola (MEPA), onde deu importantes passos na sua caminhada de fé, agora congrega na Assembleia de Deus Pentecostal.
Arautos da Fé: Quando é que começou a sentir a inclinação pela música?
Elias Miguel: Na verdade não dei conta de quando foi que iniciei, mas sei fui influenciado pelos meus irmãos mais velhos, que na altura já tinham um grupo “Os Miguel Brother’s”. Foi através deles que comecei a ter o gosto pela música, mas praticamente foi em 1995/1996 que a subi ao palco pela primeira vez.
AF: Como começou o grupo e porquê que se desligou do grupo?
EM: Não me desliguei do grupo. Na verdade, eram os meus irmãos mais velhos que naquela altura decidiram formar os Miguel Brother e eu fui crescendo ouvindo eles a cantarem. Foi ali que comecei a descobrir que tinha alguma coisa de música e por influencia deles comecei a cantar.
O grupo também não deu muitos passos. Quando os meus irmãos casaram-se o grupo desfez-se.
AF: Essa ligação a música já dura quantos anos?
EM: Desde 1995, mas profissionalmente desde 2004. E escrevi a minha primeira música em 2003.
AF: Tem memória de quantas músicas já escreveu?
EM: É um bocadinho definir, uma média de dia 70/80 músicas. Há muitas que ainda não terminei.
AF: Escreve apenas para si, ou também para os seus colegas?
EM: Dou graças à Deus porque não escrevo apenas para mim, alguns irmãos têm me pedido para escrever para eles. Também já escrevi para alguns grupos, para casamentos, o chamado “gospel love”.
AF: Quais são os estilos musicais com os quais mais se identifica?
EM: Para quem me conhece sabe que eu sou fanático do rock soft, aquelas vibe do Hilsong, rock pop, soul RNB, soul e a música sertaneja.
AF: Quais são os grupos que têm influenciado muito a sua carreira musical?
EM: No princípio da minha carreira fui influenciado, pelos cantores brasileiro, Matos Nascimento, Cléber Lucas. Nos últimos anos tenho ouvido pouco Matos Nascimento, ouço mais Hilsong, Jael Houston, no Brasil ouço muito Diante do Trono, David Sacer.
AF: Já tem algum trabalho discográfico no mercado?
EM: Ainda não.
AF: O que está a faltar?
EM: Acredito que tudo depende de Deus. Porque existem pessoas que têm tudo para ter um CD mas não têm. Neste momento só faltam possibilidades.
AF:Quais são os lugares em que normalmente se apresenta cantando?
EM : Tenho cantando nas igrejas, concertos, nas cerimónias de algumas entidades do estado, universidades, casamentos, encontros recreativos.
AF: Que balanço fazes de 2016?
EM: Está a ser um ano memorável. Acho que não me esquecerei deste ano. Para mim foi o ano da “catapultação”. Deus se manifestou e tem se manifestado poderosamente no meu ministério. Desde 2004 até agora, 2016 está a ser um ano de muitas bênçãos no meu ministério. Um ano marcante, ano memorável, ano poderoso.
AF: Quais são as coisas que mais lhe marcaram?
EM: A princípio começo por citar o número de agendas. Pela graça e a misericórdia de Deus, em 2016 cheguei a ter só num mês mais de 16 convites. Haviam meses em que eu ministrava de quinta a domingo. Semanas em que ministrava de segunda a domingo. Essa foi uma das primeiras coisas que fui notando. A outra, é o facto de muitos irmãos estarem a testemunhar aquilo que Deus tem feito na vida deles, no período das minhas ministrações, quando ouvem as minhas canções, reflectem a mensagem das letras que escrevo. Isso para um adorador é um incentivo, é uma benção. O calor, a atenção que temos recebido dos irmãos estão a fazer do ano 2016, ano de memorável para o meu ministério.
AF: Quantas actividades já realizou ao longo da sua carreira?
EM: Já realizei 2 concertos a solo, em grupo 9 e como convidado especial em 2.
AF: Quais são os seus projectos para 2017?
EM: 2017 reserva muita bênção. Existem alguns segredos que na altura certa estaremos revelando. Quero adiantar que 2017 será um ano de bênção, de chave de conquista, ano de romper as barreiras, ano da queda de Jericó.
AF: Se tivesse que lançar um disco já, qual seria o título?
EM: Esta pergunta me foi feita há alguns dias por alguns irmãos. Há muitos louvores que me vem a mente, mas se fosse para lançar agora colocaria o título “És o Cordeiro”. Esta é uma das opções ou “De volta ao Pai”.
AF: Tem um grande número de canções de sua autoria, quais são os temas que aborda?
EM: A princípio, como a minha linhagem é de adoração, na maior parte da músicas que escrevo, procuro explicar Deus. Na maior parte delas descrevo em adoração Deus, Jesus. Louvo a Deus por aquilo que tem feito e numa boa parte delas trago os problemas que os cristãos tem vivido no dia a dia, as dificuldades na caminhada enquanto cristão e como ser social. Escrevo músicas com várias temáticas.
AF: As situações que vivencia no dia dia é que lhe incentivam a escrever?
EM: Uma boa pare das músicas são inspiradas em histórias que eu mesmo vivi, outras em histórias de terceiros e outras em estórias fictícias. As vezes pego um verso bíblico e desenvolvo.
AF: Qual é a sua visão sobre o mercado da música gospel?
EM: Numa abordagem geral, está em franco crescimento. Devemos admitir que já não é o mesmo de a 4/5 anos. Em tudo glorificamos à Deus.
Tenho notado o aparecimento de muitos irmãos com muita graça, muita força, muita unção e ainda me atrevo a dizer que essa geração que está a nascer agora é uma geração que vai dar uma reviravolta no gospel nacional. Também ainda acho que o mercado precisa de mais apoios financeiros. Temos travado dificuldades que se tivemos apoio financeiro, agentes, não estaríamos a passar o que estamos a passar. Mas acho que está num bom caminho, precisamos de apoios para que esta máquina tenha o curso que deve ter.
AF: A qualidade técnica, das ministrações e das letras já satisfaz?
EM: Não a 100% mas já melhorou muito em relação há alguns anos. Já a um bom número de irmãos a escreverem boas letras, independentemente da linhagem que segue, seja adoração ou louvor. Pese embora muitos irmãos ainda deixam a desejar.
AF: Que mensagem gostaria de deixar às pessoas que acompanham sua carreira?
EM: A princípio, agradeço a todos irmãos e irmãs, aos familiares pelo suporte, carinho, atenção.
Não imaginam a alegria que eu sinto quando vejo os irmãos a partilhar os meus trabalhos quando recebo da parte de um irmão ou de uma irma irmã a seguinte frase: irmão Elias Deus te abençoe.
Não imaginam a mensagem que transborda no meu coração. A mensagem que eu deixo é que a orar por mim, continuem a dar este suporte, coloquem o meu nome nas vossas listas de orações. O irmão Elias está aqui pra fazer a obra de Deus, mas precisa muito do vosso apoio, das vossas orações.
É bem verdade que esta obra é de Deus, mas precisamos trabalhar em conjunto.
Para você que tem dado o seu apoio ao meu ministério a minha mensagem é de agradecimento, Deus em tudo seja louvado.
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