Como uma das doenças muito perigosas para as pessoas a partir dos 50 anos, em particular as mulheres na fase da pós-menopausa, a osteoporose é, para o médico ortopedista Francisco Zenga, uma patologia que deve constar entre as principais prioridades globais do sector da Saúde.
O especialista lembrou que cuidar da saúde óssea é fundamental para garantir uma vida longa e com qualidade. “Por isso, é preciso consciencializar a população sobre essa doença que afecta os ossos, tornando-os mais frágeis e susceptíveis a fracturas”, disse, acrescentando que a doença impacta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente mulheres após a menopausa, ao ponto de comprometer a qualidade de vida.
A osteoporose, realçou, é considerada uma doença silenciosa, pois muitas vezes só é descoberta após uma fractura. O exame mais eficaz para identificar a condição, informou, é a densitometria óssea, recomendado especialmente para pessoas com factores de risco a partir dos 50 anos.
Embora grave, adiantou, a osteoporose pode ser prevenida e tratada. “Com hábitos saudáveis, como alimentação adequada, prática de exercícios e redução de comportamentos, é possível manter os ossos fortes e prevenir fracturas. Consultar um médico para avaliar os riscos e iniciar o tratamento adequado é essencial”, destacou.
Medidas simples
A prevenção e o tratamento da osteoporose, disse, é possível e envolve várias medidas simples. Uma delas, revelou, é manter uma alimentação equilibrada, rica em cálcio e vitamina D. Para tal, alimentos, como o leite, derivados e peixes gordurosos, além da exposição ao sol, que estimulam a produção de vitamina D, são essenciais para a saúde óssea.
A prática regular de actividades físicas, destacou, especialmente exercícios de impacto, também contribuem para o fortalecimento dos ossos. Outros factores importantes, disse, incluem evitar o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e controlar o peso corporal, uma vez que o excesso de peso pode sobrecarregar os ossos. “Em casos específicos, o médico pode recomendar o uso de medicamentos para aumentar a densidade óssea”, esclareceu.
Diagnósticos
Infelizmente, disse o especialista, a osteoporose é uma doença silenciosa, não causa sintomas que fazem os pacientes buscar ajuda médica. Por isso, realçou, as pessoas acima dos 50 anos devem ser, activamente, investigadas, por meio da “densitometria óssea” (exame realizado para definir a massa óssea em regiões como coluna lombar e o fémur). Os alvos principais são as mulheres na menopausa ou pacientes acima dos 70 anos.
Quando o paciente perde mais de 4 cm de altura ao longo da sua vida, isso já define a existência de osteoporose. Geralmente, esclareceu, a patologia ocorre devido ao achatamento de múltiplas vértebras na coluna vertebral, ocasionados pela perda da densidade óssea.
Tipos de osteoporose
A osteoporose pós-menopausa acomete, apenas, mulheres e aparece depois da menopausa por conta da deficiência de estrogénio, um hormónio feminino importante para a saúde óssea.
Além dessa patologia, há também a osteoporose senil que acomete pessoas acima de 70 anos, tanto homens como mulheres. Por conta do envelhecimento natural dos ossos, ela ocorre como consequência de uma deficiência de cálcio e aumenta, também, a disponibilidade de cálcio no sangue e diminui a formação óssea.
Entre os tipos da doença existe, igualmente, a osteoporose secundária, resultante da consequência de alguma doença como a insuficiência renal, as alterações hormonais ou o uso de medicações exageradas, principalmente os corticóides, muito usados em doenças reumatológicas.
Principais fracturas
As principais fracturas provocadas pela doença são a do colo do fémur, cujo tratamento pode ser com prótese de quadril ou com placa e parafusos, a transtrocanteriana, um tipo específico de fractura no osso da coxa, conhecido como fémur.
Além destas, há, também, as fracturas na coluna lombar ou torácica, cujo tratamento, na maioria das vezes, é feito sem cirurgia, apenas com o uso de coletes e repouso. Este tipo osteoporose, de acordo com o médico, não costuma afectar a medula, mas podem ocasionar uma dor crónica na coluna dos pacientes.
Há, ainda, a fractura do úmero, na região do ombro, que pode ser tratada com a imobilização por meio de uma tipoia, ou cirurgia com placa e parafusos, haste ou prótese de ombro, dependendo das características da fractura.
Outra fractura comum é a do rádio, na região do punho, que pode ser tratada com imobilização com gesso ou com cirurgia, com pequenas placas e parafusos. “Neste procedimento, o tratamento cirúrgico permite uma reabilitação mais rápida, sem necessidade de imobilização prolongada”, explicou o especialista.
O médico adiantou, igualmente, sobre o perigo da fractura distal do rádio, que pode ser tratada com gesso ou cirurgia, com placas e parafusos. Porém, Francisco Zenga alertou que tais fracturas podem ocasionar perda de mobilidade, força e função nas articulações afectadas, além do risco de uma possível cirurgia.
Condições favoráveis para o aparecimento de doenças
Os factores de risco, disse, são condições que favorecem o aparecimento de alguma doença, no caso da osteoporose, os principais são a menopausa, a idade avançada, as doenças renais ou hormonais, além do uso prolongado de corticoides.
Entretanto, avançou o médico, existem outras condições que podem levar à osteoporose, como, a menopausa, o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o baixo consumo de cálcio, o histórico familiar, baixo peso e sedentarismo.
A prática regular de actividade física, aconselhou, é essencial para a prevenção da osteoporose, além de diversos outros benefícios para a saúde, principalmente na parte cardiovascular. O consumo em quantidades ideais de leite e derivados, como queijo e iogurte, tem um papel importantíssimo para a prevenção da osteoporose. “Mesmo pacientes com intolerância à lactose devem consumir leite e derivados, em alimentos disponíveis sem lactose”.
Para o especialista, é fundamental evitar o consumo de álcool e fumar, assim como consumir de forma excessiva sal, ou utilizar medicamentos não prescritos pelo médico.
Medicação
O tratamento da osteoporose, adiantou o médico, é voltado para o fortalecimento dos ossos. Desta forma, realçou, é muito comum que pessoas a fazer o tratamento ou a prevenção da doença, além de aumentar a ingestão de alimentos com cálcio, também tomem suplementos de cálcio e vitaminas.
“Uma vez diagnosticada, seja pela perda de altura ou pela ocorrência de uma fractura osteoporótica, a osteoporose deve ser tratada”, frisou, além de referir que mesmo com o tratamento medicamentoso, a osteoporose deve ser tratada com o consumo de leite e derivados.
Data mundial
Para o médico, o Dia Mundial da Osteoporose, assinalado domingo, 20 de Outubro, serve de reflexão sobre os cuidados a ter em termos de saúde do sistema osteo-articular. “Todos estamos propensos a tal situação e somos poupados na medida em que mantemos observados os factores de risco e a vigilância precoce”.
As mulheres em particular, alertou, devem ter maior cuidado com a patologia, especialmente depois da menopausa. “Há uma fase da vida em que a mulher diminui consideravelmente a produção de estrogénio e tem uma ausência de hormónios, capaz de tornar o osso ainda mais poroso que o normal”, informou.
A data visa tornar a prevenção da osteoporose e das fracturas uma prioridade global de saúde, alcançando profissionais de saúde, medias, formuladores de políticas, pacientes e o público.
Fonte: JA