Uma alimentação saudável é fundamental para a prevenção de doenças crónicas, como a hipertensão arterial, depressão e o cancro, defendeu, terça-feira, a nutricionista, Graça Tapalo, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, a assinalar-se hoje.
Em declarações ao Jornal de Angola, a propósito da data, instituída pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a nutricionista disse que é um bom momento para reflectir sobre o quadro actual da alimentação no mundo e em Angola, em particular. A data, prosseguiu, tem o potencial de alertar as pessoas sobre a necessidade urgente de todos terem acesso a alimentos frescos e variados, assim como a informação necessária para escolher uma dieta saudável, que proporcione o bem-estar.
Para Graça Tapalo, segurança alimentar é ter, de modo permanente, uma alimentação saudável, acessível, de qualidade e em quantidade suficiente. “A alimentação é fundamental para a saúde geral, pois afecta o peso, a energia, o humor, e até mesmo a disposição para enfrentar o dia-a-dia. Por isso, se deve ter sempre refeições regulares, controlar a quantidade, incluir uma variedade de alimentos, reduzir o consumo de alimentos processados e manter-se hidratado”, disse.
A nutricionista realçou que uma alimentação saudável inclui um conjunto de práticas alimentares que têm impacto positivo na saúde, acima de tudo. “É um conjunto de hábitos que promovem o melhor estado de saúde que cada genética permite ter”, destacou.
Quanto mais colorido e variado estiver o prato, informou, melhor será o equilíbrio nutricional. “Num mundo de tentações alimentares, cultivar hábitos alimentares saudáveis diariamente pode parecer desafiador, mas é essencial para garantir uma vida longa e saudável”, lembrou.
Tais alimentos, acrescentou, contribuem para uma maior quantidade e qualidade de vida e são a maior e melhor fonte de nutrientes, essenciais para o bom funcionamento do corpo. “Geralmente, é preciso optar por alimentos que ajudam a enfrentar desnutrição, obesidade e prevenir quaisquer doenças não transmissíveis”.
Alimentos
As causas para a insegurança alimentar, realçou, são diversas e estão principalmente relacionadas a factores económicos, políticos, sociais e ambientais. “Possuir uma boa alimentação pode ajudar na recuperação de transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Uma alimentação saudável, composta por alto consumo de frutas, vegetais, carnes magras e peixes, pode garantir sim uma melhor saúde mental”.
A nutricionista destacou, ainda, que alguns alimentos são fundamentais para fortalecer o sistema imunológico, como as vitaminas, minerais, proteínas, gorduras, açúcares, leite materno, ovos e carnes magras.
“Não é necessário consumir suplementos para garantir uma alimentação saudável. Basta uma dieta saudável, rica e que contém os quatro grupos alimentares. A alimentação deve incluir uma maior diversidade de alimentos nutritivos, capazes de trazer benefícios de todos”, salientou.
O impacto da agricultura na solução da crise
Actualmente, frisou, agricultores de todo o mundo produzem alimentos suficientes para alimentar toda a população global, mas, apesar dos avanços, a fome persiste e o número de pessoas em situação de desnutrição, devido a conflitos, situações de risco climático e crises económicas, ainda é assustador.
O fenómeno, disse, tem um impacto mais grave nas comunidades mais vulneráveis, muitas delas compostas por famílias agrícolas. “A alimentação é a terceira necessidade humana mais básica depois do ar e da água, por isso, todos deveriam ter direito a uma alimentação adequada”, defendeu, acrescentando que todos têm direito à alimentação, à vida, às liberdades, ao trabalho e à educação.
Apesar da consciência que existe a nível mundial, acerca da importância e do direito à alimentação, 3,1 mil milhões de pessoas no mundo não têm condições de pagar uma dieta saudável. “As dietas pouco saudáveis são a principal causa de desnutrição”, lembrou.
Mesmo em abundância, realçou, as pessoas continuam a morrer de fome a cada poucos segundos, o número de pessoas sem alimentos tem aumentado consideravelmente
“Direito aos alimentos para uma vida e um futuro melhore”
Em 2024, o Dia Mundial da Alimentação tem como tema “Direito aos alimentos para uma vida e um futuro melhores”, sendo assinalado em paralelo com o 79.º aniversário da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
As comemorações, organizadas pela FAO, integram diversos eventos, promovendo-se a consciencialização mundial sobre a fome, destacando a alimentação como um direito humano e estimulando acções para o futuro da alimentação, das pessoas e do planeta.
Este lema justifica a importância da abordagem da alimentação saudável de uma forma holística, não só sob a perspetiva da saúde, mas também dos direitos humanos, da sustentabilidade, da educação ambiental, entre outros.
Estas diferentes abordagens estão, desde 2017, contempladas no Referencial de Educação para a Saúde. É sempre de lembrar que o direito a uma alimentação digna e saudável é, sobretudo, uma questão de cidadania.
Direito universal
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (WFP), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) promovem, desde ontem, a campanha do Dia Mundial da Alimentação, celebrado hoje, como forma de alertar que a alimentação para todos é um direito ainda longe de ser respeitado.
Actualmente, destaca um documento destas organizações, 733 milhões de pessoas passam fome no mundo, enquanto 2,8 biliões – mais de um terço da população – não conseguem ter acesso a uma dieta saudável.
Para estas organizações, apesar do direito à alimentação ser consagrado internacionalmente, sua plena aplicação ainda está longe de ser alcançada. Por isso, realçam no documento, o Dia Mundial da Alimentação busca aumentar a consciencialização global sobre o tema e mobilizar esforços da sociedade civil, da iniciativa privada, de Governos e da academia para enfrentar essa realidade.
Fonte: JA
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