O primeiro dia da campanha de rastreio do cancro da próstata registou uma adesão expressiva de homens “elegíveis” à assistência de prevenção contra a doença, sendo reflexo da divulgação, no dia anterior, do documento do Ministério da Saúde sobre a cirurgia robótica para o tratamento de casos da patologia.
Até à hora do fecho desta edição, o Jornal de Angola apurou que foram diagnosticados vários casos de cancro da próstata, cujo número é divulgado hoje pelas direcções clínicas dos dois hospitais que em Luanda estão a realizar a campanha de rastreio da doença cancerígena. Trata-se dos hospitais gerais de Cacuaco “Heróis de Kifangondo” e de Viana “Bispo Emílio de Carvalho”.
Cirurgias robóticas
As intervenções cirúrgicas robóticas para o tratamento do cancro da próstata começam a ser feitas em Angola a partir do dia 5 de Agosto deste ano, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, anunciou, ontem, a directora-geral do Hospital de Cacuaco “Heróis de Kifangondo”, Jovita André.
A gestora hospitalar fez o anúncio quando falava à imprensa na cerimónia de abertura da campanha de rastreio do cancro da próstata, que vai decorrer até ao dia 9 de Agosto nos hospitais gerais de Cacuaco e Viana (Luanda), “Reverendo Guilherme Pereira Inglês” (Bengo) e “Ervanário Luís Sambo” (Cabinda), assim como no Hospital Central “Dr. António Agostinho Neto”no Lubango (Huíla).
A campanha enquadra-se num “programa mais vasto”, que está na origem da vinda a Angola de uma equipa de médicos “altamente especializados”, que têm a missão de treinar e capacitar profissionais angolanos para a realização de cirurgias robóticas.
A campanha vai avaliar, por via de exames de laboratório e de imagiologia, homens a partir de 40 anos para o diagnóstico precoce e a condução dos casos elegíveis ao tratamento por cirurgia robótica.
As cirurgias vão ser feitas por dois robôs, que já estão na fase de montagem, no Complexo Hospitalar Dom Alexandre do Nascimento, informou a directora do Hospital Geral de Cacuaco “Heróis de Kifangondo”.
A médica referiu que, durante a campanha de rastreio, os casos suspeitos são submetidos à biópsia e os confirmados encaminhados para o Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, a única unidade sanitária que vai fazer cirurgias robóticas.
A médica Jovita André disse ser uma realidade a existência de muitos homens que não têm a cultura de fazer a prevenção e, como disse, “a campanha vem alertar para a importância do diagnóstico precoce”.
O director do Serviço de Oncologia do Hospital Geral de Cacuaco, João Wilson da Rocha, explicou que nem todos os que aderirem à campanha vão beneficiar de cirurgias robóticas, porque o recurso ao tratamento de alta complexidade é só para aqueles que têm o tumor localizado e não ramificado.
“Os que têm a doença localizada são elegíveis à cirurgia robótica e os que têm o tumor ramificado vão ser submetidos a cirurgias abertas, tendo em conta a dimensão do tumor”, adiantou o médico oncologista, que disse ser a cirurgia robótica uma tecnologia minimamente invasiva, que reduz o tempo de internamento, assim como oferece melhores resultados e salva vidas.
Questionado se, em Angola, há números oficiais de casos de cancro da próstata, o médico João Wilson Rocha revelou que o país não dispõe de estatísticas exactas. Citando perspectivas do Observatório Global do Cancro da Organização Mundial da Saúde (OMS), o médico estimou que, no país, mais de mil novos casos tenham sido detectados no ano passado.
O especialista em Oncologia alertou que a detecção precoce da doença é fundamental, por proporcionar uma maior probabilidade de cura.
A realização da campanha de rastreio foi tornada pública, domingo, pelo Ministério da Saúde, através de um documento, no qual revela que a vinda a Angola de “médicos altamente especializados” é resultante de uma assistência técnica dos Centros Advent Health Celebration Hospital, Global Robotics Institute e Nicholson Center, dos Estados Unidos da América.
No documento, o Ministério da Saúde refere que o cancro da próstata tem a particularidade de evoluir de forma silenciosa e, na maioria dos casos, os doentes não têm qualquer sintoma durante a progressão do tumor e as queixas só surgem já no estado avançado da doença.
Fonte: JA