Cardeal Gracias: ‘Um Sínodo para dar esperança’

O arcebispo de Mumbai, que representa a Ásia no Conselho de cardeais instituído pelo Papa Francisco, comenta sobre o Instrumentum laboris em vista da Assembleia de outubro, divulgada dias atrás. “Precisamos discutir sobre como reconhecer às mulheres o papel que lhes cabe, envolvendo-as mais nos processos decisórios da Igreja. Ser inclusivo, acolher a todos, não significa mudar o que o Evangelho ensina”.
Foi publicado na terça-feira, 9 de julho, o Instrumentum laboris que guiará a segunda sessão da Assembleia Sinodal em outubro, centralizada na pergunta “Como ser Igreja sinodal missionária?” Sobre esse documento, trazemos o comentário feito à agência AsiaNews pelo cardeal indiano Oswald Gracias, arcebispo de Mumbai, que representa as Igrejas da Ásia no C9, o Conselho de cardeais instituído pelo Papa Francisco para acompanhá-lo no governo da Igreja.

Por cardeal Oswald Gracias *

Instrumentum laboris acaba de ser publicado: ao folheá-lo, vi que ele contém uma grande seção sobre as mulheres. Discutiremos muito esse tema no Sínodo em outubro. Está muito claro que devemos reconhecer às mulheres o papel que lhes cabe, não há dúvida quanto a isso. Discutiremos como elas podem desempenhar um papel mais importante na Igreja, particularmente nos processos de tomada de decisão.

No entanto, diante de um documento como esse, devemos ter em mente que a Igreja é universal. Nossas situações na Índia, na África e na Europa são diferentes. Devemos ter em mente as sensibilidades de todos e também as exigências pastorais de todos.

No caminho sinodal, falamos de uma Igreja inclusiva, o que significa uma Igreja capaz de acolher a todos. O Papa esteve com sua atenção voltada particularmente para com as pessoas deficientes, os marginalizados e também com as pessoas com uma orientação sexual diferente. Não as rejeitamos como pessoas. O perigo é que, se fizermos alguma declaração, ela pode ser interpretada por alguns como se a Igreja estivesse mudando sua postura moral apenas para ser aceita por outros. Isso não é verdade. A Igreja é coerente: o Evangelho é muito claro sobre o que nosso Senhor deseja. E o Papa é um homem de profunda fé e oração, que está conduzindo a Igreja na direção desejada pelo Senhor e pelo Espírito Santo.

É por isso que o documento que acaba de ser divulgado não é um pronunciamento magisterial, mas uma provocação à reflexão. Em outubro, discutiremos esses diferentes temas durante quatro semanas. Apresentaremos as conclusões de todos ao Santo Padre: as reflexões dos bispos, mas também dos leigos, dos religiosos, dos párocos… Será então o Santo Padre, com seus assessores e consultores, que tirará suas próprias conclusões.

Este Sínodo está indo muito bem. Acabei de voltar de Roma, tive uma reunião com o Conselho sinodal, bem como com o Papa, e discuti o programa com eles. Penso que vamos dar esperança e unir o Sínodo ao Ano Jubilar de 2025. O Ano Santo deve servir para dar esperança às pessoas, para agradecer a Deus e planejar o futuro. O Sínodo também dará esperança às pessoas, planejará o futuro e dará graças a Deus por todas as coisas boas recebidas.

 

Fonte: Vatican News

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