Especialistas preocupados com o aumento dos casos de queimaduras por electricidade

Equipas médicas da capital do país aconselham cidadãos a evitarem vandalizar as cabinas eléctricas, ou os cabos da linha de alta tensão, devido à letalidade dos ferimentos em caso de haver uma falha.

O Banco de Urgência e de Cirurgia do Hospital Geral Especializado Neves Bendinha registou, na semana finda, um aumento de casos de queimaduras por electricidade, na tentativa de vandalizar as cabinas eléctricas, ou de cabos de alta tensão, disse, ontem, em Luanda, a directora clínica da unidade sanitária.

Antonieta Guilherme explicou que alguns casos de queimaduras por electricidade têm tido um desfecho fatal imediato e tendem a deixar sequelas para toda a vida. “Muitos pacientes, após o tratamento terapêutico, também erram ao abandonarem o curativo em regime ambulatório, recorrendo a práticas caseiras, sem o material adequado, ou o cumprimento de todas as medidas de segurança, provocando, às vezes, complicações e infecção na ferida”, lamentou.

A médica apelou aos cidadãos para terem a cultura de responsabilização. A queimadura por electricidade, referiu, é uma das mais graves, por provocar danos internos e externos, com sequelas a longo prazo.

O recomendável nestes casos, continuou, é haver um acompanhamento terapêutico prolongado em função da parte do corpo afectada com a ferida provocada pela queimadura. “Desaconselho a prática de vandalização de bens públicos, em particular as cabines eléctricas, ou de qualquer material eléctrico, devido a letalidade das lesões”.

O hospital, disse, atendeu 38 pacientes, com diversos tipos de queimaduras, dos quais, 25 crianças e 13 adultos. Destes, avançou, cinco estão internados. “Lamentamos a morte de dois pacientes que se encontravam em estado crítico e sob os cuidados intensivos”, referiu, acrescentando que as queimaduras foram causadas, a maioria, em casa, com 31 casos registados, e provocados por líquidos ferventes.

Talatona

O Banco de Urgência do Hospital Municipal de Talatona observou 686 pacientes, dos quais, 279 na Pediatria e 278 em Clínica Geral. As patologias frequentes, realçou a chefe do Banco de urgência, foram as doenças respiratórias agudas com 81, hipertensão arterial com 20, a infecção do trato urinário com 20, as diarreias agudas com 18 e a malária com 173.

Isabel dos Santos disse, ainda, que na área de Ginecologia-obstetrícia foram consultados 89 pacientes e foram realizados 32 partos.

Zango

A equipa médica do Hospital Municipal Zango 2 prestou auxílio a 517 pacientes com malária, 53 com diarreias agudas, 25 com problemas respiratórios agudos e 19 com hipertensão arterial, informou o director clínico da unidade sanitária.

Sebastião Senga referiu ainda que nos serviços pediátricos foram assistidos 375 crianças com malária. A ala da Maternidade atendeu 174 gestantes e realizou 43 partos.

“O hospital prestou, também, assistência a 130 pacientes com traumas, dos quais 30 por acidente de viação, 11 por agressão física e dois por ferimento com branca”.

 Samba

O Centro de Saúde da Samba socorreu nas urgências 394 casos de malária, 122 de doenças respiratórias agudas, 168 de nutrição, 63 de doenças diarreicas agudas e 38 de hipertensão arterial, disse, ontem, a directora clínica da instituição. Rosa Manuel frisou que nas consultas externas foram atendidos 109 pacientes em Estomatologia, 55 em Oftalmologia e 40 em Psicologia. “A área da Maternidade atendeu 214 mulheres gestantes e realizou 47 partos”.

Sambizanga

A direcção clínica do Centro de Saúde do Sambizanga atendeu, na semana finda, 639 pacientes e entre as patologias predominantes a malária foi a que teve o maior registo, com 400 casos, seguido das doenças respiratórias agudas, com 66, desnutrição, com 68, e infecção de trato urinário, com 14, deu a conhecer, ontem, a directora clínica da unidade sanitária, Augusta Chandicua.

Pais aconselhados a redobrar os cuidados com as crianças

A equipa médica do Hospital Municipal do Cazenga lançou um alerta aos pais para redobrar os cuidados com os menores, em especial pelo número de crianças que são atendidas com lesões por queimadura. Na semana passada, de acordo com a directora-geral da unidade sanitária, Maria Adelaide, uma criança vítima de queimadura de terceiro grau deu entrada na instituição.

Depois de receber os primeiros socorros, no Banco de Urgência de Cirurgia, referiu, a menor foi evacuamos ao Hospital Neves Bendinha. “Prestamos os primeiros socorros, mas pela gravidade de algumas queimaduras, transferimos os pacientes para o hospital especializado, onde as possibilidades de sobrevivência são maiores”, disse.

No mesmo período, destacou, o hospital observou 2.407 pacientes, dos quais, 1.652 nas consultas externas e 755 nos bancos de urgência. As principais patologias, realçou, foram a malária, com 595 casos, a broncopneumonia, com 43, e a diarreia, com 30.

Cazenga

No Hospital Geral dos Cajueiros foram socorridos 3.634 pacientes, dos quais 1.259 diagnosticados com malária, 504 com síndrome gripal, 311 com hipertensão, 237 com diarreia, 62 com malnutrição e 27 com doenças respiratórias agudas, de acordo com o director clínico, Tomás Fernando.

Camama

O hospital Geral de Luanda atendeu, na semana passada, 8.703 pacientes, disse o director clínico da instituição. Magalhães Sobrinho ressaltou que as principais patologias registadas foram a malária (729), as doenças respiratórias agudas (550), a hipertensão (194) e a diarreia (106).

Na área de Cirurgia, realçou, foram assistidos 269 casos de traumas, por quedas, 180 por acidente de viação, 88 por agressão física, 72 por atropelamento, 43 por ferimentos provocados por arma branca e três por arma de fogo.

Cacuaco

Um total de 4.003 cidadãos foram observados no Hospital Municipal de Cacuaco, sendo 2.524 nas consultas externas e 1.479 nos bancos de urgências, informou, ontem, a directora-geral da instituição.

Anizeth Cutatela disse que as principais patologias foram a malária, com 585 casos, hipertensão, com 56, diarreia, com 54, doenças respiratórias agudas, com 23, e a malnutrição, com 22. O hospital, disse, assistiu 58 vítimas de acidente de viação.

Kilamba Kiaxi

Mais de cinco mil pacientes foram atendidos, na semana passada, no Hospital Geral Especializado do Kilamba Kiaxi, na maioria menores, disse, ontem, a directora clínica da unidade. A médica Rosa André realçou que a área de Pediatria observou 1.302 crianças com diversas patologias, com destaque para as doenças respiratórias agudas (278), a malária (217) e a diarreia com 198 casos.

INESPERADO
Gravidade de lesões por energia eléctrica

A trabalhar há cinco meses na construção da nave, de um armazém que serviria de abastecimento para a produção de ferro, próximo a uma linha de alta tensão, António Gonçalves, de 27 anos, acabou electrocutado, devido a um toque involuntário ao cabo eléctrico da linha de alta tensão.

Actualmente internado no Hospital Geral Especializado Neves Bendinha, lembra que mal aconteceu o contacto perdeu completamente os sentidos. “Disseram que cheguei a ser lançado para o tecto de uma residência”, contou, adiantando que na altura estava a trabalhar no tecto da nave, que estava próximo da linha de alta tensão.

Sem equipamento de protecção e a uma altura de dois metros, o descuido foi para António Gonçalves quase fatal. Quando deu entrada no hospital mais próximo, o do Kapalanga, tinha convulsões, queimaduras na cabeça, com um orifício no cérebro, hematoma no rosto e nos membros inferiores e superiores.

De acordo com o histórico médico, frisou, foi atendido nos hospitais do Prenda e Geral de Luanda, antes de ser encaminhado ao Neves Bendinha. A directora clínica Antonieta Guilherme recordou que o paciente deu entrada com queimadura de 36 por cento da superfície corporal.

“Prestamos os primeiros socorros para a estabilização do quadro clínico. Hoje, após cinco meses de recuperação, o paciente continua sob constante observação médica, devido à extensão da queimadura, principalmente no cérebro”, explicou.

No momento, referiu, apesar dos tratamentos e do quadro clínico estável, o paciente vai continuar sob avaliação até o restabelecimento da camada próximo ao cérebro.

 

Fonte: JA

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