Aumento dos casos de traumatismo obrigam médicos a duplicar as cirurgias ortopédicas

O Hospital Geral de Luanda realiza, em média, 15 cirurgias ortopédicas, nas quartas e sextas-feiras, devido ao elevado número de pacientes que dão entrada nas urgências vítimas de traumatismo, disse, terça-feira, o director clínico da unidade.

Ao realizar o balanço de ocorrências da unidade hospitalar, o médico Magalhães Sobrinho avançou que o número de cirurgias ortopédicas tende a aumentar. Na semana passada, avançou, tiveram de operar 22 pacientes.

“Mais de 90 por cento dos pacientes que recebemos são vítimas de acidentes de motorizada, por isso, o hospital entendeu realizar maratonas cirúrgicas às quartas e sextas-feiras para responder a demanda, além daqueles que são operados de emergência”, disse.

O director clínico realçou que a área cirúrgica assistiu, no mesmo período, 412 pacientes vítimas de queda, 178 de acidente de viação, 100 de agressão física, 78 por atropelamento, 51 por ferimentos provocados por arma branca e 18 por arma de fogo. O hospital, destacou, realizou 75 cirurgias na semana passada.

Em todo o hospital foram observados 9.285 pacientes. “As principais patologias foram a malária, com 866, doenças respiratórias agudas, com 599, hipertensão com 183 e a diarreia, com 104 casos”, disse.

Cacuaco

Um total de 73 pacientes vítimas de acidente de viação deram entrada, na semana passada, no Hospital Municipal de Cacuaco, informou a directora-geral da unidade.

Anizeth Cutatela manifestou preocupação pelo número considerável de pacientes vítimas de traumas, realçando que os acidentes por motorizada lideram as estatísticas. “Continuamos a receber muitas pessoas feridas em consequência de acidentes motorizados, por isso é preciso ter todo o cuidado”.

A médica referiu que, no mesmo período, 4.173 pacientes foram atendidos em todo o hospital. “As patologias mais preocupantes foram a malária, com 463, a síndrome gripal, com 91, a diarreia, com 64, hipertensão, com 61 e 33 casos das doenças respiratórias agudas”, descreveu.

Cazenga

A área cirúrgica do Hospital Municipal do Cazenga assistiu, na semana passada, 155 vítimas de trauma, num total de 2.451 pacientes atendidos em toda a unidade sanitária, segundo a directora-geral.

Maria António descreveu que foram 57 casos de agressão física, 54 ferimentos provocados por arma branca, 21 de acidentes de viação, 10 por queda, oito atropelamentos e cinco por queimadura.

No banco de urgência do hospital, foram assistidas 157 crianças em pediatria e 176 em gineco-obstetrícia. “As principais patologias foram a malária, com 669, broncopneumonia, com 45, síndrome gripal, com 44 e a diarreia com 29. Foram realizados 61 partos”.

No Hospital Geral dos Cajueiros foram socorridos, na semana passada, um total de 109 pacientes vítimas de trauma, de acordo com o director clínico. Tomás Fernando avançou que o hospital atendeu um total de 3.713 pacientes, sendo que as principais patologias foram a malária, com 1.250, síndrome gripal, com 575, a hipertensão, com 305, a diarreia, com 195, a malnutrição, com 55 e as doenças respiratórias agudas, com 50 casos.

Viana

O Hospital Materno Infantil Mãe Jacinta Paulino atendeu, na semana passada, 1.391 pacientes, sendo 589 com malária, 343 com doenças respiratórias agudas e 125 com diarreia, segundo a directora-geral. A área da maternidade, disse Filomena Bessa, assistiu 244 mulheres, tendo realizado 81 partos e internou 109 devido à gravidade.

Número de acidentes de viação preocupa especialistas

Os casos de acidentesde viação e de agressão física, por violência doméstica ou lutas de gangues, têm deixado preocupado os especialistas em ortotraumatologia. De acordo com os médicos, as sequelas dos politraumatismos têm levado, muitas vezes, muitos pacientes a óbito, devido ao grau de lesão dos órgãos.

A directora clínica do Hospital Geral Especializado Neves Bendinha, Antonieta Guilherme, disse que o banco de cirurgia tem recebido, também, muitos pacientes com traumas causados por queimaduras. O Hospital, frisou, socorreu 36 pacientes com diferentes tipos de queimaduras, com realce para 21 crianças e 15 adultos.

A médica referiu que as queimaduras aconteceram, na maioria dos casos, em casa, onde ocorreram 31 casos, provocados por líquidos ferventes. “Recomendamos aos pais mais cuidados para com as crianças, evitar a permanência durante a preparação da refeição e a revisão periódica da botija de gás e do fogão para evitar os acidentes domésticos”

Talatona

A chefe do banco de urgência do Hospital Municipal de Talatona, Isabel dos Santos, mostrou-se preocupada com os números de pacientes atendidos com casos de traumatismos causados por acidentes de viação, quedas e agressão físicas, tendo assistido 18 por acidentes de viação.

Em relação as patologias mais frequentes, avançou, os casos de malária continuam a prevalecer com 145, seguido das doenças respiratórias com 90, as gastrointestinais com 30, diarreicas agudas com 23 e hipertensão arterial com 14.

Zango

O banco de ortotraumatismo do Hospital Municipal Zango 2 assistiu 166 pacientes com ferimentos múltiplos e traumas provocados por agressão física e acidente de viação, disse, ontem, o director clínico, Sebastião Senga.

A unidade sanitária, explicou, assistiu também 425 pacientes com malária, 112 com doenças diarreicas agudas, 68 com síndrome gripal, 40 com problemas respiratórios agudos e 11 com hipertensão arterial.

Samba

Na semana passada, o Centro de Saúde da Samba atendeu um total de 3.168 pacientes e destes, 1.167 deram entrada no banco de urgência para avaliação clínica, disse, ontem, a directora geral. Rosa Manuel esclareceu que, do número de pacientes observados, 418 foram diagnosticados com malária, 129 com problemas de nutrição, 104 com doenças respiratórias agudas, 77 com diarreicas agudas, 15 com hipertensão arterial e 45 com múltiplos ferimentos provocados por arma branca, acidente de trabalho e por agressão física.

Sambizanga

O banco de urgência do Centro de Saúde do Sambizanga observou 507 pacientes com malária, 125 com problemas de nutrição, 52 com dificuldades respiratórias agudas, 14 com diarreias agudas, 12 com infecções de trato urinário e oito com hipertensão arterial, informou, a directora clínica, Augusta Chandicua.

Sequelas levam cidadão novamente às urgências

Um ano depois de ser operado, António Chivela, de 43 anos, vítima de um acidente de motorizada, voltou a ser internado no Hospital Geral de Luanda por fortes dores na perna esquerda.

Na altura dos factos, recordou, em Março do ano passado, por volta das 14 horas, foi atropelado por uma motorizada numa das ruas do Distrito Urbano do Zango. Na altura, foi levado ao Hospital do Zango onde foi transferido ao Hospital Geral de Luanda onde sofreu uma intervenção cirúrgica na perna esquerda, por ter fracturado o fémur. Alguns meses depois, o paciente recebeu alta médica, mas, agora, teve de voltar. “Desde o mês passado que comecei a sentir dores fortes na perna onde fui operado, o que está a provocar-me febres”, disse.

O médico ortopedista e cirurgião Magalhães Sobrinho disse que, depois de observar o paciente, vai ser necessário a realização de uma segunda cirurgia para remover o ferro colocado. “As vítimas de traumas, depois da alta médica, devem realizar a fisioterapia para recuperar a mobilidade dos membros, o que não ocorre com muitos, por isso, tais complicações”, referiu, acrescentando que depois do acidente o paciente deve ter vontade de recuperar, praticando alguns exercícios para evitar sequelas maiores.

 

Fonte: JA

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