O Banco de Leite Humano da Maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, colhe em média dois a quatro litros de leite por dia, quantidade que serve apenas para amamentar os recém-nascidos da referida unidade materno-infantil.
A informação foi prestada, segunda-feira, pela coordenadora do Banco de Leite Humano de Angola, Elisa Gaspar, durante a abertura dos cursos pré-congressos, do I Congresso de Banco de Leite Humano da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), que começa hoje, às 9h00, na Escola Nacional de Administração de Políticas Públicas (ENAPP), em Luanda, e decorre até depois de amanhã, dia 16. Elisa Gaspar explicou que quando há campanhas de doação de leite, a colheita pode chegar até 10 litros, mas ainda assim quase tudo é consumido dentro da Maternidade Lucrécia Paim e poucas vezes se consegue atender a pedidos de outras unidades materno-infantis de Luanda.
O Banco de Leite Humano de Angola, disse, tem inscritas mais de mil mulheres dadoras, entre fixas e voluntárias. As fixas pertencem a instituições religiosas que fazem doações todos os sábados, já as voluntárias são as mães com bebés internados que aparecem durante a semana para amamentarem os filhos e enviam o excedente ao Banco de Leite Humano.
Projectos
Questionada sobre a expansão do Serviço de Banco de Leite Humano, Elisa Gaspar disse que é uma meta que consta do projecto. A ideia, disse, é criar salas de recolha de leite em todos os nove municípios de Luanda e levar ao banco de leite da Maternidade Lucrécia Paim para ser processado, fazer o controlo de qualidade e, de seguida, distribuir aos hospitais a nível da periferia. A coordenadora do Banco de Leite Humano do país explicou que as mulheres antes de doarem o leite são submetidas a exames médicos e caso tenham uma doença infecciosa são impedidas de doar.
Encontro
Em relação ao I Congresso de Banco de Leite Humano da CPLP, Elisa Gaspar disse que se espera a participação de mulheres do México, Portugal, El-Salvador, Paraguai e Brasil, como principal impulsionador do banco de leite angolano. Durante o congresso, explicou, vão ser debatidos, entre outros, temas como “Leite materno como a melhor terapia”.
Finalidade
Por seu turno, a directora-geral da Maternidade Lucrécia Paim, Lígia Alves, ao dar as boas-vindas a todos os convidados, disse que a realização deste primeiro congresso no país visa a promoção da saúde materno-infantil.
De acordo com Lígia Alves, o banco de leite humano é de extrema importância para o país, porque ajuda a promover a amamentação e protege os recém-nascidos mais vulneráveis, como os prematuros e de baixo peso à nascença. Para a médica, a Maternidade Lucrécia Paim tem um papel pioneiro e visionário ao estabelecer o primeiro banco de leite humano em Angola. Esta iniciativa representa um marco significativo na história do Banco de Leite Humano, proporcionando inúmeros benefícios directos para mães e recém-nascidos atendidos nesta instituição.
Rede brasileira
O coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BLH) disse sentir-se prestigiado em participar, pela primeira vez, no continente africano, de um congresso de dimensão internacional, sobre a saúde materno-infantil. João Aprígio de Almeida disse que Angola deve sentir-se orgulhosa por ter sido escolhida para realizar, a nível de África, o primeiro Congresso de Banco de Leite Humano da CPLP.
O coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano frisou que este congresso vai permitir aos especialistas brasileiros e dos demais países da CPLP transmitirem as experiências, boas ou más, aos angolanos e, desta forma, melhorar e ampliar os serviços de banco de leite.
A musa eleita
A sub-inspectora bombeira, Maria Matenda, é considerada a musa do Banco de Leite Humano de Angola, pelo facto de, desde a inauguração da instituição em 2021, já ter doado 45 litros de leite.
Mãe de quatro filhos, Maria Matenda diz que se sentiu motivada a continuar a doar o leite, desde a altura que fez a primeira doação, fruto de uma campanha realizada pelo Ministério do Interior, ao banco de leite humano da Maternidade Lucrécia Paim.
A funcionaria do Ministério do Interior explicou que vai continuar a doar, até onde a idade e a saúde lhe permitir, para ajudar a salvar vidas de muitos recém-nascidos que se encontram nas maternidades, cujas mães não o fazem por situações diversas.
Fonte: JA