Devemos ter coragem para dizer o que está errado

Melba Viviam Chitangua, é a primeira mulher a dirigir a Sociedade de Jovens da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA), que já conta 42 anos de existência. Em exclusivo ao portal Arautos da Fé, falou da responsabilidade que pesa sobre si e dos projectos que tenciona levar a cabo e do seu desejo em ver as mulher mais “presentes nas coisas da igreja e da sociedade”. A entrevista foi conduzida por Terêncio Chiwale.

Melba Chitangua, primeira mulher a liderar a juventude a IECA. (Foto: Jaime Chiquito)
Melba Chitangua, primeira mulher a liderar a juventude a IECA. (Foto: Jaime Chiquito)

Arautos da Fé: Como se sente, sendo que é a primeira mulher na direcção da juventude da IECA?
Melba Chitangua: É um acto histórico. Isso, coloca sobre nós, muita responsabilidade, visto que foram mais de 42 anos que os homens lideraram a Juventude ao nível nacional. É uma responsabilidade grande, vou procurar deixar marcas. Trabalharemos, não olhando pelo género, mas pelo trabalho que deve ser feito.
AF: Qual foi a reação da sua família?
MC: Irmãos e primos, tiveram conhecimento com antecedência, porque eu falava que provavelmente poderei candidatar-me. Os pais só acreditaram depois de outras pessoas ligarem. É uma grande responsabilidade e por isso precisamos do apoio da família.
AF: Que diagnóstico faz da juventude da IECA?
MC: Não é um diagnóstico acabado, estamos na fase de fazer levantamento das preocupações dos Sínodos e Áreas Missionárias. Mas já pude constatar alguns anseios em todos os âmbitos, social, espiritual, e não só. Vamos procurar trabalhar para que os mais fortes apoiem sempre os mais fracos e assim, poderemos sair do nosso ciclo IECA e apoiar a sociedade.
AF: Quais são as suas preocupações?
MC: As Áreas Missionárias são o nosso foco para este ano de 2018. Quase todas as actividades, estão voltadas para estas áreas.
AF: A juventude ainda é a força motriz da Igreja?
MC: Em muitos lugares já não. Noutros, tem se mostrado força motriz. Vamos trabalhar de maneira que toda juventude possa ser vista como força motriz da Igreja.
AF: Nos bastidores as mulheres reclamam e quando pedem candidatas recuam. Qual é a palavra que gostarias de passar para estas irmãs no momento de concorrer recuam?
MC: Coragem. Quando estamos certos daquilo que pensamos e conseguimos falar nos bastidores, devemos ter coragem de chegar nos lugares de decisão e dizer que aquilo está errado. Meu apelo, é que as mulheres que já pensam, possam se expressar nos lugares certos e não apenas nos bastidores.
AF: Como vê a sociedade em que nos encontramos, com o materialismo a falar mais alto que o espiritual?
MC: Por isso temos uma sociedade em que os jovens estão muito frustrados. A Bíblia nos ensina uma forma clara de sermos felizes: “buscai primeiro o reino de Deus e todas as coisas vos serão acrescentadas”. Se acreditarem e esperarem em Deus, as coisas poderão chegar, as frustrações diminuirão.
AF: Que apelo deixa ao Instituto Nacional da Juventude?
MC: Como igreja temos feito um trabalho voluntário e muitas vezes não temos aberturas, não somos contactados. Porque somos voluntários, não precisamos ser remunerados. Seria muito bom, que mantivessem contacto connosco. Podemos dar mais contributos.

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