Precisa-se de pastores e pastoras radicais!

Inicio esclarecendo o uso da palavra radical neste texto. Muitas pessoas, sem um conhecimento mais profundo do termo, utilizam-no informalmente como sinónimo de extremista (intransigente – fanático).o-bom-pastor
Faz-se necessário desvinculá-los. Uma postura extremista é aquela que transita apenas nos extremos. Como diz o ditado: “ou é oito, ou é oitenta”. Não há um meio termo. Não há diálogo. É um fundamentalismo irracional.
Aqui o significado de radical está ligado à definição do dicionário: absoluto, completo, fundamental, integral, total, profundo, ligado à raiz.
Numa época em que a credibilidade dos pastores e das pastoras vem sendo questionada, faz-se necessário um ministério radical, não extremista.
Voltar à raiz de nossa vocação. Trata-se então, do partilhar de um pastor, com seus companheiros e companheiras de ministério.
No exercício de nossa vocação, nos deparamos com várias expectativas: pessoal, familiar, comunidade local, instituição, sociedade etc. Em alguns momentos essas expectativas são tantas e variadas que nos confundem e stressam. Em determinados momentos elas se apresentam de forma antagónica.
Para nos ajudar na compreensão de nosso ministério e seu carisma particular, podemos recorrer às instruções das Sagradas Escrituras, aos documentos da igreja, à bons livros, ao convívio de outros pastores e pastoras, à capacitação continuada e até mesmo à leitura de um breve artigo escrito por um companheiro de ministério, como é o nosso caso.
Num mundo marcado pela filosofia neoliberal, onde as pessoas valem por aquilo que produzem ou consomem, há uma tendência em aplicá-la ao ministério pastoral. Avalia-se o pastor e a pastora por suas acções públicas, esquecendo-se que muitas actividades acontecem em ambientes privados. Quero, porém destacar uma acção pública: liderança.
Ainda que os pastores e as pastoras tenham uma responsabilidade na gestão da igreja, seu carisma é pastoral e não administrativo.
Porém, existem várias formas de se liderar. Dentre elas destaco a liderança servil. Sugiro a leitura de três livros que poderão ajudá-los/as na compreensão do tema: “O monge e o executivo – uma história sobre a essência da liderança” de James C. Hunter (Sextante), “Autoridade Pastoral – servindo a Deus liderando o rebanho” de Bill Lawrence (Editora Vida) e “A Revolução da Toalha” de Anselmo do Amaral.
Pastores e pastoras radicais lideram com autoridade de servos e não pelo poder institucional ou de seu carisma pessoal.
A igreja precisa de líderes radicais. Pastores e pastoras que assumam com radicalidade o ministério de lavar os pés de seus liderados.
Ser líder servil, não é ser passivo e subserviente. É ser capaz de se humilhar em serviço para lavar os pés de outros, mas também de confrontá-los quando não querem que lavem seus pés (exemplo de Pedro).
Ser pastor ou pastora que lidera servilmente, não é fazer aquilo que as pessoas desejam, mas sim, aquilo que elas necessitam.
Um ministério pastoral servil não é o de se tornar um refém de pessoas manipuladoras das actividades pastorais. Não é se submeter aos caprichos de “donos e donas de igreja”. Pelo contrário, é dizer que se está disposto a cingir os lombos com a toalha para lavar os pés, porém quem não quer ter seus pés lavados, não terão parte em seu ministério.
Não usufruirão da bênção de sua liderança.
Por reconhecer que o tema liderança está na pauta da igreja, que os/as convido a reflectir melhor sobre o tema. Desejo que assumam com radicalidade a vocação que receberam do Senhor, pois como nos afirma o título do artigo: “Precisa-se de pastores e pastoras radicais”, homens e mulheres que vão à raiz de sua chamada ministerial.
Pr. Paulo Dias Nogueira (EC)

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