Músicos e produtoras podem perder credibilidade

Luanda vai viver um inédito fenómeno neste final de semana, com a realização de cerca de duas dezena de concertos, alguns grátis outros com preços que variam entre os 1.000 e 20.000 kwanzas, todos divulgados nas redes sociais.

Mercado gospel vai ser avaliado pela qualidade, não somente pela quantidade de eventos. (Foto: Arquivo)
Mercado gospel vai ser avaliado pela qualidade, não somente pela quantidade de eventos. (Foto: Arquivo)

Abre o ciclo, o músico Miguel Buila, com um concerto (jantar) na esplanada Gril, hoje as 19 horas. Este concerto, foi marcado por uma polémica tão logo foi anunciado, que levou a cantora evangélica Lioth Cassoma, uma das convidadas, a desconfirmar publicamente a sua participação e horas depois, a recuar na posição.
Acontece que, para o seu concerto, foram convidados Yola Semedo e Kyaku Kyadaff, que participaram no último CD de Miguel Buila. Talvez, só agora com o anúncio do concerto, é que algumas pessoas, perceberam a participação dessas referências da música secular angolana, no trabalho do músico gospel.
O preço, de 20.000 kwanzas, “apimentou” ainda mais a polémica, que colocou admiradores do cantor em campos opostos e revelou também alguma falta de educação de certos “cristãos” ao debaterem assuntos que contrariam as suas convicções.
Solicitado a comentar o assunto, o músico Carlos Astro, disse que “o Evangelho é uma missão e não diversão”, ilustrou “é como não ser militar ou polícia e se fazer acompanhar de uma arma todos os dias, é crime, é errado”. Observou, que deve-se criar uma separação entre o secular e o gospel. “Podem dizer que é para prega-los, mas se assim for que fiquem na posição de ouvintes e não de falantes!”
Na tarde de sábado, destaca-se a Sanjuka produções de Rui Last Man, que apresenta um concerto de hip Hop, no auditório da rádio Ecclesia, que contará com a participação de jovens rappers que se vêm notabilizando. Em Viana, o Aprazível de Michel Mwanza, comemora no mesmo período, mais um aniversário e tem agendado um debate sobre o rap gospel, estilo que enfrenta resistência em certos círculos religiosos. Existem outras actividades marcadas para o mesmo dia.
Domingo, será o ápice do fenómeno, que motivou este artigo. Mais de 70% dos eventos gospel anunciados nas redes sociais, acontecem neste dia.
Numa entrevista, concedida  há algum tempo ao portal Arautos da Fé, o músico evangélico Estevão David, apontava certa “desorganização” e lamentava a falta de uma “plataforma” que gerisse todo esse movimento gospel.
Ao olhar para os cartazes publicitários, nota-se que alguns músicos têm compromissos para se apresentarem em vários eventos, que acontecem quase no mesmo período. Estão a se tornar omnipresentes? 
Não me alongo neste assunto, já vi várias reacções no Facebook e acredito que músicos e organizadores de eventos, já devem ter percebido que há coisas que devem ser corrigidas, outras melhoradas.
Enquanto mercado, está aberto para todos os que dele, quiserem um pedaço e tiverem estratégias eficazes para atingirem tal fim.
É importante, sim, que os players do mercado gospel percebam, que a mentalidade das pessoas tem vindo a mudar, o censo crítico, a aumentar. O mercado gospel esta sob o crivo e vai ser avaliado pela qualidade que os playeres oferecem e não somente pela quantidade de eventos.
Algumas produtoras se não fizerem bem o seu trabalho, podem cair no descrédito, o mesmo, pode acontecer com os músicos.
É muito difícil voltar a conquistar a simpatia do público, quando este sente-se defraudado nas suas expectativas.

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