“Nem todas as pessoas têm a capacidade de gerir as bênçãos que Deus dá”

Com 2017 “correndo” para terminar, oportuno é fazer o balanço do que foi feito e perspectivar o que será o ano 2018. É assim em todos os sectores da vida. Fomos ao encontro da cantora que vai comemorar 25 de ministério.  Cubana Marta Adriano, irmã Cubana como é mais conhecida, é autora do CD “Jesus não foi embora”, que tem o selo do músico Dodó Miranda.
O resultado de quase meia hora de conversa franca, é o que temos o maior prazer de partilhar consigo.

Irmã Cubana. (Foto: Arquivo da cantora)
Irmã Cubana. (Foto: Arquivo da cantora)

Arautos da Fé: Que balanço faz do seu ministério neste ano 2017?
Irmã Cubana: 2017 Foi um ano de muita bênção. Foi o ano que Deus rompeu com algumas barreiras. Portas que estavam seladas, Ele acabou abrindo. Foi um ano de muitas lutas. É o ano em que tiramos o CD e até agora estamos nesta batalha, mas muitas coisas boas aconteceram.
O disco saiu e com ele vieram muitas bênçãos. Pisamos em lugares que nunca pensamos que pisaríamos, conhecemos pessoas que nunca pensamos que conheceríamos, recebemos testemunhos que não sabíamos que existiam e acima de tudo, Deus sendo exaltado.
AF: Quais os aspectos mais marcantes do seu ministério neste ano?
Ir. C: Foi o lançamento do CD. Consegui fazer o que sempre quiz, uma pré-apresentação, algo muito raro na música gospel. As portas para o interior do país também se abriram este ano. Temos certeza que em 2018 será só “escorregar”.
AF: Depois do lançamento do CD, quais as províncias que conseguiu passar?
Ir. C: Fomos para o Cuanza Sul, Huambo, Benguela e também fomos para Windhoek-Namibia.
AF: Como é que correram as vendas deste primeiro CD?
Ir. C: Ainda estamos na fase de trabalho, não terminamos. Mas estamos a caminhar bem, temos certeza que daqui a pouco vamos conseguir terminar os exemplares que temos.
AF: De mo geral como é que olha para o mercado da música gospel?
Ir. C: Faço a seguinte avaliação:
Primeiro: Deus atendeu as orações dos seus filhos que diziam estamos a precisar que a música gospel tenha o seu espaço na sociedade, tenha o seu espaço em vários lugares. E Deus deu isso. Mas ao mesmo tempo, consigo ver que nem todas as pessoas têm a capacidade de gerir as bênçãos que Deus dá. Deus dá, mas as pessoas as vezes… não sei se é por não aguentarem, acabam banalizando.
A Bíblia diz que as coisas consagradas, não são para serem dadas aos cães. Do mesmo jeito que as portas dos céus se abriram e a música está a ter o seu verdadeiro espaço, também há uma tendência de ser um pouco desrespeitada. O Evangelho tem regras. Quem somos nós? o que estamos a fazer e pra quem estamos a fazer?
Nota-se… algo que as pessoas deveriam avaliar: deixar de olhar a música gospel como um negócio e ver que é um trabalho de adoração a Deus. Se assim for, teremos certeza que nos anos vindouros a música vai continuar a ter o seu real papel na sociedade por causa de quem a faz. Mas se olharmos como um negócio, alguma coisa muito séria e não positiva, pode vir a acontecer.
AF: Para além deste aspecto, da música estar a ser transformada num mero negócio, quais são os outros aspectos que acha que são negativos e estão presentes no seio dos músicos?
Ir. C: Eu diria dum jeito atrevido… devemos ter cuidado com quem participa no nosso trabalho. Como crentes que somos, adoradores e levitas, sei que é algo muito polemico e ninguém quer falar sobre isso, mas temos que ter muito cuidado com as pessoas que convidamos para fazer participação no nosso CD. Chamar pessoas que não são crentes para cantar, fazer participação conosco, é muito perigoso. Porque a Bíblia diz que outra vez vereis a diferença entre aqueles que servem e os que não servem, entre as trevas e a luz, entre o ímpio e crente. Se conseguirmos separar vamos saber quem realmente somos. Mistura é uma coisa que Deus não gosta. Ou somos ou não somos. Não há meio termo.
E devemos ter muito cuidado, com essa questão de… quando ao recebemos convites e telefonemas de Pastores, a gente entrar logo em negociação financeira. Temos de saber colocar as nossas necessidades à eles. Talvez não sabemos como chegar, talvez precisamos isso ou aquilo, mas, fazer como se fosse um professor palestrante que para ir para uma palestra exige isso ou aquilo, é um pouco… um pouco não, é muito complicado. As pessoas devem saber porquê que existem e qual é o jeito de pedirmos ajuda às igrejas, para não nos olharem como lobos no meio das ovelhas.
AF: Como é que olha para a qualidade das músicas que são produzidas agora?
Ir. C: Comparando com alguns anos atrás, estamos com uma boa qualidade. Temos muito discos com grande qualidade e letras também. Antigamente tinhamos um ritmo, um tipo de musica que parecia que alguém pegou e fez pá pá pá pá. Mas agora já não.
Os músicos sentem e sabem que têm uma grande responsabilidade, porque não estamos aqui para levar uma mensagem só para os nossos irmãos em Cristo. Queremos ganhar aqueles que não têm Jesus. E eles estão habituados a ouvir coisas boas. Temos de dar o melhor ao nosso Deus. O nosso Deus merece o melhor e não algo de remediar. Vale mais, gastar muito tempo esperar e fazer bom, do que fazer algo rápido e não muito bom. Estamos a caminhar bem, há muito boa qualidade.
AF: Em conversas de bastidores, fala-se que na música gospel também há muita promiscuidade. Partilha desta ideia?
Ir. C: Aquilo que eu não sei, não vivo, não consigo dizer. Se realmente isso existe, eu só tenho a dizer que chegará o dia em que o joio será arrancado do meio do trigo. Deus é Deus e Ele não deixa essas coisas prevalecerem por muito tempo. Se realmente existe, nós vamos saber porque, o próprio Deus vai revelar.
AF: A cantora Lioth Cassoma está a promover um encontro* de oração e está a criar um movimento de oração pelas vítimas de violência. Já sentiu algum tipo de violência dentro da comunidade de músicos gospel?
Ir. C: Graças a Deus não. Desde muito cedo, eu procurei impor respeito. Nem assedio, nem falta de respeito. Eu acredito que do jeito que tratas os outros, eles acabam te tratando também. Não tenho um testemunho negativo e é louvável o projecto da Lioth. Na verdade eu acho que, o nosso país precisa de oração para muitas coisas. E quando um músico gospel é que levanta esse tipo de projecto para ajudar outras pessoas, se calhar pessoas que não conhece, vão beneficiar dessa benção, dessa oração, é muito bom.
Que Deus à abençoe e todo pessoal que está a trabalhar com ela. Que não seja única vez e que possa se tornar bem maior.
AF: Quais são as suas perspectivas para o ano 2018?
Ir. C: A principio, preciso reorganizar a minha agenda e terminar as vendas. 2018 aguarda-nos muita coisa boa, que está no nosso coração para o coração de Deus. Vou caminhado para 25 anos de trabalho e se Deus nos permitir, é muito prematuro falar isso, 2019 seria o ano que poderíamos ter o nosso segundo CD a solo. O final de 2018 seria o período para começarmos a preparar.
Outras coisas, só Deus pode nos conceder. Desejo temos para muita coisa mas, é muito difícil, as vezes… entramos em projetos muito grandes e depois não temos certeza se vão dar certo. Projecto que envolve outras pessoas, você precisa ter segurança que é da vontade de Deus e que Deus está a cuidar de tudo para dar certo.
AF: Que mensagem deixa para todos os que acompanham o seu ministério?
Ir. C: Quero agradecer pelo carinho, a força que me deram neste ano 2017. Deus nos fez saber que há muita gente que nos ama de verdade. A todos eles desejar um feliz natal, prospero ano novo e o que não conseguiram almejar em 2017 possam, em 2018, mas que o espírito de paz, amor, de perdão, acima de qualquer coisa, esteja no coração de todos. Não adianta carregarmos uma Bíblia se não amarmos, não adianta carregar uma Bíblia se não perdoamos. O amor e o perdão precisam andar juntos. Só assim saberemos quem são as pessoas para nós e o que nós somos para as outras pessoas.
 
*A entrevista foi feita antes do encontro.

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